(O Globo, 23/10/2014) Um vídeo que protesta contra o sexismo, publicado na web na última terça-feira, está causando polêmica nas redes sociais por trazer meninas com idades entre 6 e 13 anos, vestidas como princesas, dizendo palavrões. O vídeo questiona se é mais ofensivo ver uma criança xingando ou o machismo imposto pela sociedade.
O clipe é uma campanha do site ativista Fckh8.com que pretende justamente usar o choque do público com o linguajar chulo das garotinhas para chamar atenção para a causa feminista. Uma das princesas de rosa-shocking do vídeo faz a pergunta: “O que é mais ofensivo: uma garotinha dizendo ‘porra’ ou a forma machista como a sociedade trata meninas e mulheres?”, antes de ressaltar que as profissionais do sexo feminino ganham salários 23% menores do que os homens pelo mesmo trabalho e que uma em cada cinco mulheres é estuprada ou abusada sexualmente em algum momento de sua vida.
“Aí vão algumas palavras mais feias do que ‘porra’: desigualdade salarial, estupro e violência”, diz uma das princesas do vídeo.
“Eu não sou uma princesa em perigo. Eu sou poderosa e estou pronta para o sucesso”, acrescenta outra.
Logo após as crianças mostrarem toda sua atitude na campanha, suas mães aparecem com uma sugestão:
“Em vez de lavar a boca dessas crianças com sabão, talvez a sociedade que deva rever suas atitudes”.
O vídeo ainda traz um menino de 12 anos usando um vestido cor-de-rosa e se manifestando contra o sexismo:
“Quando você diz a meninos para não agirem como meninas, é porque você acha que ser uma menina é algo ruim”, ensina o garotinho.
É claro que a ação gerou polêmica nas redes sociais, onde muitos internautas se dizem “ultrajados” com a linguagem utilizada pelas crianças em cena. Alguns chegam a acusar os pais das meninas de “abuso infantil”. O site Fckh8.com, que vende camisetas com frases antipreconceito para financiar suas atividades, se defende no texto da campanha:
“Estas pequenas damas usando tiaras cintilantes viram o estereótipo da ‘princesa em perigo’ de cabeça para baixo e contrastam os xingamentos com palavras e estatísticas que a sociedade deveria considerar chocantes, como ‘desigualdade salarial’ e ‘estupro’”, explicam os ativistas.
Acesse o PDF: Vídeo estrelado por ‘pequenas princesas desbocadas’ nos EUA chama atenção para causa feminista (O Globo, 23/10/2014)