Vote pelo clima: eleições municipais, ação climática e igualdade de gênero

04 de outubro, 2024 UNICEF Por Redação

Entenda como suas escolhas eleitorais podem transformar a política ambiental local e garantir um futuro mais justo e sustentável para todos.

A crise climática e a desigualdade de gênero são evidentes nas agendas globais, um dos mecanismos mais importantes para a implementação de políticas públicas que promovam essas causas são as eleições municipais. Participar da decisão eleitoral é um ato político essencial para o bem-estar do corpo social em sua totalidade, sendo o palco perfeito para dar espaço e promover efetivamente ações referentes às mudanças climáticas e igualdade de gênero. É muito importante que essas pautas caminhem juntas nas políticas a serem implementadas, visto que mulheres e crianças ficam ainda mais vulneráveis em contextos de crise.

A Importância do voto consciente em favor do clima

No dia 6 de outubro, milhões de eleitores brasileiros terão a oportunidade de escolher prefeitos e vereadores que irão governar e representar suas cidades. Esses líderes locais terão a responsabilidade de implementar políticas públicas que afetam diretamente o cotidiano das pessoas. No entanto, apesar da crescente importância dos problemas climáticos, esses temas têm sido pouco abordados nas campanhas eleitorais e debates.

Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado eventos climáticos extremos, como as devastadoras enchentes no Rio Grande do Sul, secas históricas em várias regiões no Brasil e incêndios que destruíram e continuam destruindo importantes biomas, como Amazônia, Cerrado e Pantanal. Esses eventos destacam a urgência de trabalhar as questões ambientais e climáticas, tendo em vista que as cidades estão na linha de frente dessa crise socioambiental, no entanto, muitos candidatos parecem ignorar a importância dessas questões.

Uma pesquisa recente, realizada pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS-Rio) em parceria com o Programa de Comunicação de Mudanças Climáticas da Universidade de Yale, revela que a maioria dos brasileiros considera a proteção ambiental uma prioridade. O estudo, conduzido entre setembro e outubro de 2020, entrevistou 2.600 brasileiros de diferentes regiões, idades e níveis de escolaridade e mostrou que 77% dos entrevistados preferem conservar o meio ambiente, mesmo que isso possa reduzir o crescimento econômico. Além disso, 92% reconhecem que o aquecimento global é uma realidade e 72% acreditam que isso pode afetar negativamente suas famílias, por fim, 88% afirmam que as gerações futuras também serão impactadas.

Atualmente, muitos dos problemas ambientais enfrentados no Brasil são causados por ações humanas, como queimadas e desmatamento, para a inserção do gado e monocultura nessas áreas, além de serem exacerbados pela crise climática que provoca secas e ondas de calor. Esses problemas têm várias origens, desde a atuação de vereadores que duvidam das mudanças climáticas até práticas de grandes proprietários de terras e decisões políticas que enfraquecem a legislação ambiental.

Diante disso, é crucial que os eleitores escolham candidatos que levem a sério a questão climática. A plataforma votepeloclima.org pode ajudar na escolha, reunindo candidatos comprometidos com a adaptação e mitigação das mudanças climáticas. Esta iniciativa, promovida pela organização Clima de Eleição, busca orientar os eleitores para escolherem líderes que priorizem a justiça climática.

Quando falamos de mudanças climáticas, precisamos debater os desafios que não serão vencidos apenas nas grandes capitais e metrópoles, mas que afetam todos os municípios brasileiros diariamente, como vimos com os 478 municípios atingidos pelas enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul em abril de 2024.

Através de um estudo avaliativo com 1.993 municípios, foi possível observar que 72% desses municípios não possuem orçamento para trabalhos de proteção e defesa civil, evidenciando que o desafio vai além da execução dos planos, mas reside na disponibilidade de recursos financeiros.

Na prática, cada cidadão deve olhar para candidatos que tenham propostas de criação ou melhoria de planos emergenciais para desastres, como enchentes, deslizamentos e secas. Você pode encontrar informações sobre a gestão de desastres climáticos do seu município na internet, basta acessar plataformas governamentais, como os sites da Defesa Civil e das Secretarias Municipais, esse tipo de busca facilita seu conhecimento sobre o cenário da sua cidade.

Desigualdade de gênero e vulnerabilidade às crises climáticas

A vulnerabilidade econômica, o acesso aos recursos, saúde, segurança e participação em decisões importantes estão diretamente ligadas às dificuldades das mulheres na justiça climática. As mulheres, especialmente em países em desenvolvimento, muitas vezes dependem de recursos naturais para sua subsistência, como por exemplo a agricultura, ao representarem 40% da força de trabalho neste setor, porém com a limitação à propriedade e uso da terra, estão cada vez mais vulneráveis a se adaptarem em cenários extremos das mudanças climáticas.A desigualdade de gênero e a disparidade na renda entre homens e mulheres restringem a capacidade das mulheres de absorver e se recuperar de choques climáticos, por terem menos acesso a crédito, educação e tecnologias que poderiam ajudá-las a enfrentar desastres naturais.

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