(Vermelho, 08/10/2014) Em 2010, 45 mulheres compuseram a Bancada Feminina, representando 8,8%. No Senado, cinco mulheres foram eleitas em 27 vagas disputadas, com isso passou-se a ter 11 senadoras em 81 integrantes do Senado, representando 13,6%. Em cinco estados (Alagoas, Espírito Santo, Mato Grosso, Paraíba e Sergipe) nenhuma mulher foi eleita para a representação em Brasília. Já em dois (Amapá e Tocantins) foram eleitas 38% e em outros três estados (Rondônia, Roraima e Piauí) as mulheres eleitas atingiram 20%.
Na disputa aos poderes executivos, não foi eleita nenhuma governadora em primeiro turno e apenas uma mulher concorrem no segundo turno no estado de Roraima. Além, é claro, da presidenta Dilma que luta por sua reeleição. “Os resultados são sintomáticos e mostram a necessidade de os partidos acolherem as mulheres e as questões femininas em seu bojo”, defende Ivânia Pereira, secretária de Mulheres da CTB.
De acordo com Ivânia, “o esforço das entidades de mulheres pelo país afora ainda não surtiram efeito, porque a mudança de mentalidades é muito mais lenta no processo social e político”. A situação mostra uma dicotomia, porque o Institituto Patrícia Galvão fez levantamento recetemente e constatou que 78% dos brasileiros defendem mais mulheres na pólítica.
Já a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), primeira indicada para comandar a Procuradoria da Mulher, criada em 2013, no Senado acentua que “o problema tem sua raiz na discriminação que as brasileiras sempre sofreram em todo processo histórico. As desigualdades no mercado de trabalho, nas famílias e em outras esferas sociais ainda hoje estão presentes”.
Para Ivânia, “não basta ser mulher, é fundamental o engajamento permanente e tenaz no combate ao machismo e ao patriarcalismo ainda predominantes nas mentes de boa parte dos brasileiros e brasileiras”. Ela defende “uma atuação mais compromissada dos setores avançados da sociedade civil para que as mulheres tenham condições de igualdade com os homens em todos os setores da vida do país, inclusive na política”.
Pelos resultados das eleições, “ainda há um longo caminho a trilhar, embora já tenhamos avançando em relação ao preconceito e ao combate à violência contra as mulheres, precisamos estudar condições de as mulheres terem mais espaços nos partidos políticos e nas entidades sindicais”, define Ivânia.
Além disso, preconiza ela, “há necessidade de que homens e mulheres assumam a bandeira da igualdade de gênero e do combate a todas as formas de discriminação em nossa sociedade”. Para Ivânia, “somente com uma reforma política com ampla participação popular para dar condições iguais na disputa eleitoral, inclusive para a igualdade de gênero”.
Marcos Aurélio Ruy
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