Governo abre Semana Nacional da Consciência Negra

17 de novembro, 2015

(SEPPIR, 17/11/2015) Programação inclui eventos como a Marcha das Mulheres Negras 2015

Uma cerimônia no Museu da República, em Brasília, marcou ontem (16/11), a abertura da Semana Nacional da Consciência Negra. O evento, organizado pelo Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, por meio da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, tem por objetivo promover a igualdade racial em todo o país e combater todas as formas de racismo e discriminação racial.

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Para a ministra Nilma Lino Gomes, a campanha “Novembro pela Igualdade Racial”, lançada durante a abertura do evento, busca mostrar que o negro deve ser protagonista de sua história, e não deve se intimidar ou se diminuir devido aos ataques racistas. Com o slogan “Lugar do Negro”, a campanha mostra, segundo a gestora, que o lugar do negro é em todo e qualquer lugar que ele queira.

“É a primeira vez que o governo lança uma campanha como esta em novembro, articulando vários ministérios e mostrando a evolução das políticas públicas para a igualdade racial”, afirmou Nilma.

A ministra acredita que outra mensagem a ser difundida é que todos os dias são dias de consciência negra. Ela lembrou o processo de transição após a fusão de três secretarias especiais para a formação do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos e disse que o momento atual é propício para o avanço nas políticas públicas do setor.

A deputada Benedita da Silva destacou o protagonismo dos negros, especialmente das mulheres que estavam no auditório e participarão da Marcha das Mulheres Negras na próxima quarta-feira (18).

“Respeito é bom e a mulher negra quer. Nós temos que dizer um basta para o racismo. As nossas conquistas só existem porque batalhamos, porque não aceitamos calados. E se o poder é bom, o negro também quer”.

Benedita disse que, apesar das conquistas dos últimos anos, há um perigo crescente de retrocesso nas políticas públicas, principalmente com a possibilidade de leis “retrógradas” serem aprovadas no Congresso Nacional. Para ela, é necessário que os negros permaneçam unidos e vigilantes quanto aos direitos adquiridos.

Enfrentamento

Símbolo da atitude de não se calar diante a discriminação racial, o goleiro Mário Lúcio Costa Duarte, o Aranha, esteve presente no lançamento da Semana e disse estar empenhado em conhecer a história do movimento negro brasileiro.

“Eu tenho a oportunidade de falar para muitos e quero cada vez mais conhecer a história do nosso povo, as lutas e as conquistas, para estar bem informado sobre o assunto”.

Aranha relata que após ser vítima de racismo e ter denunciado o caso, procurou saber melhor a história do racismo no país e verificou que muitas coisas que aprendeu foram de forma distorcida.

“Tenho sede e fome da nossa história porque percebi que muito do que havia aprendido estava errado, não corresponde à realidade”, argumentou o atleta.

Voz e Vez

A conselheira Nilma Bentes, do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, disse que é preciso atacar a mídia tradicional que, muitas vezes, replica o discurso de racismo e ódio de classes.

“Nós temos uma geração de jovens sendo educados pela televisão e isso é inadmissível. É impossível fazer um enfrentamento cordial ao racismo, por isso temos que lutar e nos levantar contra aqueles que nos discriminam, que nos ofendem”.

A Semana Nacional da Consciência Negra tem em sua programação debates, reuniões e encontros destinados a promover a igualdade racial e reflexões sobre o racismo. Além disso, eventos como a Marcha das Mulheres Negras 2015, a campanha Novembro pela Igualdade Racial, a Conferência Livre das Mulheres Quilombolas e de Matriz Africana, entre outras atividades.

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