Acesso a creches ainda longe do esperado por governo e população

29 de março, 2017

Dados inéditos sobre primeira infância no Brasil são divulgados pelo IBGE

Apenas 25,6% das crianças menores de 4 anos estão em creche ou escola, um percentual ainda bastante distante da meta estipulada pelo Plano Nacional de Educação (PNE) para 2024, de no mínimo 50%. Isto significa que, dentre as 10,3 milhões de crianças nesta faixa etária no Brasil, 7,7 milhões não estão matriculadas na educação infantil. Os dados fazem parte do estudo “Aspectos dos cuidados das crianças de menos de 4 anos de idade”, publicado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2015.

(O Globo, 29/03/2017 – acesse no site de origem)

Neste conjunto de crianças pequenas não matriculadas, porém, parece haver uma demanda não preenchida: responsáveis por elas demonstraram interesse em fazê-lo em 61,8% dos casos. Este interesse avança à medida que a criança cresce, chegando ao maior percentual entre crianças de 3 anos.

Adriana Araújo Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, destaca que diversos estudos que já indicaram a importância do investimento, não apenas financeiro, nas crianças já nos primeiros anos de vida. Um deles, do americano e Nobel de Economia James Heckman, fez um estudo longitudinal por anos acompanhando o desenvolvimento de crianças de acordo com estes investimentos.

— Crianças que passam pela educação infantil têm maior probabilidade de frequentar a escola posteriormente. A inserção no mercado de trabalho também aumenta, enquanto o envolvimento na criminalidade e violência diminui. Esse retorno é tanto maior principalmente quando é feito em crianças em condição de vulnerabilidade — destaca Beringuy. — A creche não tem só o papel de letramento, ela tem uma função igualmente importante de desenvolvimento de estímulos, orientação familiar e até o cuidado com a higiene e saúde.

O documento publicado pelo IBGE destaca, no entanto, que somente o aumento da oferta de creches e escolas não é suficiente: a qualidade deste ensino também é fundamental, o que exige plano pedagógico e estrutura física nas unidades.

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O estudo mapeou também onde e com quem as crianças de 0 a 3 anos passam a maior parte do tempo. Cerca de 84% delas permanecem, de segunda a sexta-feira, no mesmo local e com a mesma pessoa de manhã e de tarde. Destas, a maioria (78,6%) fica no domicílio em que reside e com um dos responsáveis pela criança (74,5%).

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