O número de lares brasileiros chefiados por mulheres saltou de 23% para 40% entre 1995 e 2015, segundo informações da pesquisa Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, divulgada nesta segunda-feira. A sondagem, feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é realizada com base nos números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
(Valor, 06/03/2017 – acesse na íntegra no site de origem)
Em 34% das famílias chefiadas por mulheres, há também a presença de um cônjuge. Ainda assim, a equipe do Ipea afirma em nota que “é elevado o patamar de famílias em que as mulheres não têm cônjuges”, o que aumenta “o risco de vulnerabilidade social, já que a renda média das mulheres, especialmente a das mulheres negras, continua bastante inferior não só à dos homens, como à das mulheres brancas”.
O fenômeno de mulheres liderando lares é também “majoritariamente urbano”, diz o Ipea. Nas cidades, 43% dos lares tinham uma mulher como referência em 2015, contra 25% em 1995. No campo, no mesmo período, esse número saltou de 15% para 25%.
O crescimento de mulheres que comandam os lares pode ser explicado principalmente por duas razões. Por um lado, a alta “parece indicar mudanças no padrão de comportamento social, demonstrando maior aceitação de modelos menos tradicionalistas”, diz o Ipea. Além disso, o resultado pode apontar “uma mudança de auto percepção das mulheres em relação à sua posição dentro da família”.
Houve também alterações nos tipos de arranjos familiares. Entre 1995 e 2015, o número de casal com filhos caiu de 58% para 42%, enquanto a proporção de domicílios com somente uma pessoa ou com um casal sem filhos fez o caminho inverso, saltando de 42% para 58%.