9 em cada 10 mulheres já sofreram alguma violência quando se deslocavam à noite para lazer

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21 de novembro, 2025 Agência Patrícia Galvão Por Redação

A violência contra mulheres que saem à noite ocorre em todas as formas de deslocamento, especialmente quando estão a pé e no ônibus. Por insegurança, 63% das mulheres já desistiram de sair para lazer à noite.

Nova pesquisa dos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, realizada com apoio da Uber, evidencia um padrão alarmante: a maioria das entrevistadas relata ter enfrentado situações de violência – de cantadas inconvenientes a assédio, importunação sexual e até estupro – durante seus deslocamentos para atividades de lazer à noite em todas as formas, principalmente quando estão a pé e no ônibus.  

Das mulheres que saem à noite para se divertir, 98% declaram sentir medo e 9 em cada 10 já passaram por alguma dessas situações de violência nos seus deslocamentos noturnos, independentemente do meio de transporte.

Entre as mulheres que declararam já ter passado por ao menos uma dessas situações nos seus deslocamentos para lazer à noite, destacam-se: 72% que foram alvo de olhares insistentes/cantadas inconvenientes, 35% que sofreram importunação sexual e 34% que foram vítimas de assalto/furto/sequestro relâmpago. Uma em cada 10 sofreu um estupro e, entre as mulheres negras, 21% sofreram racismo.

A violência contra mulheres que saem à noite ocorre mais quando estão a pé e no ônibus

Da mesma forma, a maioria das mulheres que presenciaram situações de assédio, violência ou preconceito contra outra mulher, ou que prestaram auxílio à vítima, estava a pé ou no transporte público.

Acesse na íntegra ao final desta página o relatório da pesquisa “Mulheres e mobilidade noturna: percepções sobre (in)segurança nos momentos de lazer” (Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva, novembro/2025).

8 em cada 10 mulheres que saem à noite para lazer sentem medo

Neste estudo, “atividades de lazer noturno” são ocasiões como ir a bares, restaurantes, festas, baladas, shows, festivais, peças de teatro e outros eventos durante a noite. Somente 21% das mulheres entrevistadas declararam não sentir medo quando saem à noite para lazer. E, enquanto 63% afirmam sentir um pouco de medo, 16% afirmam ter muito medo – entre as mulheres pretas esse número aumenta para 20%.

E o medo aumenta na hora da volta para casa: 35% das mulheres que saem à noite para lazer consideram mais inseguro o momento da volta para casa; entre as jovens de 18 a 34 anos esse número chega a 42%.

94% das mulheres que saem à noite para lazer preferem sair acompanhadas

Quando se deslocam nesses trajetos para lazer noturno, as mulheres costumam estar acompanhadas, sobretudo por parceiros (53%), membros da família (39%) e amigos/as (35%), enquanto apenas 6% circulam sozinhas.

Segurança é o fator decisivo ao escolher o meio de transporte para lazer à noite, muito acima do conforto, custo ou praticidade

Meios de transporte utilizados nos deslocamentos à noite para lazer

Na hora da diversão noturna, as mulheres recorrem menos ao transporte público e mais ao carro por app. Quando perguntadas sobre o principal meio de transporte utilizado, 40% declaram ser o carro particular (próprio, de familiares ou amigos), 37% apontam o carro por aplicativo e 13%, o transporte público (ônibus, trem e metrô).

Beber e não dirigir: carro por app oferece mais uma camada de segurança 

Para quem recorre ao carro por aplicativo, a segurança continua sendo a principal razão da escolha, mas surge também um diferencial: evitar beber e dirigir.

98% das mulheres sentem medo quando se deslocam para o lazer noturno

E 86% declaram sentir muito medo. Assalto, estupro e importunação sexual são os principais temores das mulheres que saem à noite para lazer.

Por medo, 99% das mulheres adotam a medidas individuais de segurança quando circulam à noite 

Na tentativa de reduzir o risco da violência, as mulheres recorrem a estratégias que resultam em restrições à sua liberdade de circulação.

Avisar para pessoas de confiança onde e/ou a que horas deve voltar é a medida mais adotada pelas mulheres que saem à noite para lazer por medo ou insegurança.

Maioria avalia como importantes os recursos de segurança disponíveis no transporte por aplicativo

Para as mulheres que saem à noite para lazer, recursos de segurança nos apps de transporte são indispensáveis: do botão de emergência ao compartilhamento de rota, quase todos são vistos como muito importantes.

Ausência de policiamento é o principal fator de insegurança percebido e, com ele, compõem a tríade do medo: ruas desertas e a falta de iluminação pública

As mulheres que saem à noite para lazer relacionam a insegurança nos deslocamentos noturnos principalmente a falhas estruturais.

E quando a mulher chega ao estabelecimento ou lugar de lazer que frequenta à noite?

6 em cada 10 mulheres que passaram por alguma situação de constrangimento, assédio ou violência foram acolhidas no estabelecimento ou lugar de lazer que frequenta

Mulheres também demandam e valorizam ações dos estabelecimentos de lazer noturno

Protocolos de atendimento em estabelecimentos frequentados à noite são muito valorizados pela maioria das mulheres que saem à noite para lazer.

Comentários
“Nesta nova investigação do Instituto Patrícia Galvão sobre as percepções e vivências das mulheres sobre segurança no deslocamento urbano, procuramos compreender como a mudança do horário e do propósito da saída impacta as mulheres em suas atitudes e na sensação de insegurança. Assim, a pesquisa mostra que, à noite, o medo limita ainda mais o direito das mulheres à cidade e ao lazer: 63% das entrevistadas já desistiram de sair à noite para se divertir por insegurança de se locomover pela cidade. E, assim como nos levantamentos anteriores que fizemos, estupro, assalto e importunação sexual são as violências que as mulheres mais temem sofrer quando saem para uma atividade de lazer. 

A maioria das mulheres, 9 em cada 10, já passaram por situações de violência, em especial quando se deslocavam a pé e de ônibus. Além do transporte precário e da falta de policiamento, a sensação de insegurança das mulheres à noite está diretamente relacionada a aspectos estruturais, como ausência de iluminação e terrenos e praças abandonadas. As mulheres conhecem os problemas da cidade e demandam investimentos e melhorias nas políticas de gestão urbana para reduzir sua vulnerabilidade e permitir que elas se apropriem e vivam a cidade plenamente”, afirma Marisa Sanematsu, diretora de conteúdo do Instituto Patrícia Galvão.

“Esses dados mostram como as mulheres vivem com o medo quase naturalizado em seu cotidiano e estão sempre buscando precauções. Por isso o tema da violência de gênero é uma agenda prioritária para a Uber e estamos sempre investindo em novos recursos para trazer mais tranquilidade para as nossas usuárias em todos os momentos, mas especialmente nos contextos mais desafiadores, como saídas à noite”, comenta Natália Falcón, gerente de parcerias para o enfrentamento à violência contra a mulher da Uber.

“A pesquisa mostra como o medo impacta a vida das mulheres brasileiras, fazendo com que tenham que reorganizar seus trajetos e pensar em soluções individuais para uma questão que é coletiva. O medo está presente nas decisões mais simples, como o horário de voltar para casa ou o meio de transporte escolhido, limitando, na prática, seu acesso ao lazer e à cidade. 

Ouvir as mulheres que saem a lazer e mapear essas vivências é essencial para mostrar que a insegurança não é uma percepção individual, mas um fenômeno social que reforça barreiras históricas de acesso ao espaço público”, diz Maíra Saruê Machado, diretora de pesquisa do Instituto Locomotiva.

Sobre a pesquisa
Realizada pelos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, a pesquisa de opinião Mulheres e mobilidade noturna: percepções sobre (in)segurança nos momentos de lazer teve apoio da Uber e contou com a participação de 1.200 mulheres de 18 a 59 anos, que saem à noite para atividades de lazer pelo menos 2 vezes por mês. O levantamento online foi realizado no período de 9 a 24 de setembro de 2025 e a pesquisa tem margem de erro de 2,8 pontos porcentuais.

O apoio à pesquisa faz parte de um compromisso da Uber de colaborar proativamente com o enfrentamento à violência de gênero no Brasil, por meio de iniciativas em parceria com diversas organizações especializadas no tema desde 2018.

Contatos
Julia Cruz – Instituto Patrícia Galvão (11) 98482-2628 | [email protected]
Uber – [email protected]
Patrícia Castello – GBR Comunicação/Instituto Locomotiva (61) 8134 5093 | [email protected]

Mulheres e mobilidade noturna: percepções sobre (in)segurança nos momentos de lazer (Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva, novembro/2025) Mulheres e mobilidade noturna: percepções sobre (in)segurança nos momentos de lazer (Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva, novembro/2025)

Acesse a pesquisa completa!


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