(Folha de S.Paulo) Em sua coluna semanal, a ombudsman Suzana Singer, critica o jornal sobre sua cobertura no caso da modelo Eliza Samudio:
“Falta ao jornal criatividade para achar o que tirar de um caso como o de Bruno, além dos detalhes sórdidos”
“O enredo, de fazer corar Stephen King, não sensibilizou suficientemente a Folha. O jornal entrou sem ânimo no caso -relatado primeiro pelo “O Dia”, em 26 de junho-, não deu furos (informações exclusivas), publicou textos de pouca qualidade e não investiu em diferenciais.”
“Casos policiais são há muito tempo uma pedra no sapato dos jornais considerados de prestígio. Mesmo depois da rua Cuba, Daniela Perez, Suzane von Richthofen e Isabella Nardoni, persiste um medo atávico de se confundir com os jornais populares, do tipo ‘espreme sai sangue’.”
“O argumento contra manchetar crimes é que eles têm alcance limitado, são histórias trágicas, mas sem repercussão social. Só um exemplo contra essa tese: a morte de Daniela Perez gerou debate sobre penas que levou a mudança de legislação. Outro medo constante -este justificável- é o de se confundir com as coberturas intensivas e condenatórias feitas por muitas televisões.”
“A cobertura policial é um dos calcanhares de Aquiles do jornal. Faltam bons jornalistas na área -só ontem, 14 dias depois que o escândalo surgiu, uma repórter especial entrou na história. Não se gasta tempo transformando relatos de delegados em tramas que deem vontade de ler. Não se usa a criatividade para descobrir o que dá para tirar de um caso como o de Bruno e Eliza, para além dos detalhes sórdidos.”
Leia este texto na íntegra: O medo de ser “Notícias Populares”, por Suzana Singer, ombudsman (Folha de S.Paulo – 11/07/2010)