Mulheres que vivem onde há baixa presença feminina em cargos de liderança, acesso restrito a educação e pouca representatividade política podem sofrer mais impactos, diz estudo
Um estudo internacional desenvolvido com a colaboração de pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revelou que, em locais onde há altos índices de desigualdade de gênero, o cérebro de mulheres apresenta diferenças em relação ao dos homens. A pesquisa, que envolveu 29 países, incluindo o Brasil, e mais de 70 universidades, mostrou que a baixa ocupação do público feminino em cargos de liderança no trabalho, o acesso restrito de meninas à educação e a pouca representatividade de mulheres na política podem provocar, em quem mais sofre com essas diferenças, mudanças em áreas cerebrais ligadas à regulação emocional, resiliência e resposta ao estresse.
O estudo observou 7.876 exames de ressonância magnética de adultos (4.078 de mulheres e 3.798 de homens) na faixa etária de 18 a 31 anos – média de 24,1 anos – e sem diagnósticos de transtornos mentais. A pesquisa foi publicada no começo de maio no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS, na sigla em inglês), dos Estados Unidos. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) também colaboraram para a construção do trabalho.
Os cientistas observaram que o córtex cerebral das mulheres apresenta menor espessura em relação ao dos homens em países onde o índice de desigualdade de gênero é maior. O córtex é area do cérebro responsável pelas funções de pensamento, movimento voluntário, linguagem, julgamento e percepção.