Cortes no financiamento ameaçam combate à violência contra mulheres

28 de outubro, 2025 ONU News Por Redação

Uma em cada três organizações suspendeu ou encerrou programas de enfrentamento do problema devido à falta de recursos; mais de 40% reduziram serviços essenciais como abrigos e apoio jurídico; agência alerta que décadas de progresso estão em risco.

Cortes drásticos na ajuda internacional estão a desmantelar organizações fundamentais para enfrentar a violência contra mulheres e meninas. O novo relatório da ONU Mulheres, “Em risco e subfinanciadas”, revela que a falta de apoio financeiro ameaça reduzir recursos e conquistas obtidas na defesa dos direitos das mulheres.

Baseado numa pesquisa global com 428 organizações de direitos femininos e da sociedade civil, o estudo mostra que 34% das instituições suspenderam ou encerraram programas de prevenção e resposta à violência, enquanto 40% reduziram serviços essenciais como abrigos, assistência jurídica, apoio psicossocial e cuidados de saúde.

Serviços suspensos

O relatório indica que 78% das organizações notaram cortes no acesso a serviços para sobreviventes, e 59% observaram maior impunidade e normalização da violência. Quase uma em cada quatro afirmou ter de suspender ou interromper completamente ações de prevenção.

“As organizações de direitos das mulheres são a espinha dorsal do progresso na luta contra a violência contra as mulheres, mas estão a ser empurradas para o abismo”, afirmou Kalliopi Mingeirou, chefe da seção de Combate à Violência contra Mulheres e Meninas da ONU Mulheres. Ela lembra que sem investimento sustentado, a violência contra mulheres e meninas só vai aumentar.

Retrocesso global e conclusões

A violência contra mulheres e meninas continua a ser uma das violações dos direitos humanos mais disseminadas em todo o mundo. Estima-se que 736 milhões de mulheres – uma em três – sofreram violência física ou sexual, na maioria das vezes nas mãos de um parceiro íntimo.

A agência alerta que apenas 5% das organizações esperam manter as suas operações por mais de dois anos, enquanto 85% antecipam retrocessos nas leis e proteções de gênero. Além disso, 57% relatam preocupações sérias com o aumento das ameaças e riscos para defensoras de direitos humanos.

O relatório é publicado no ano em que se comemora 30 anos da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, um marco global que estabeleceu o fim da violência contra mulheres e meninas como prioridade central da igualdade de gênero.

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