Curitibana cria plataforma que permite mulheres verificarem se namorados em potencial têm histórico de violência

30 de outubro, 2025 g1 Por Manuella Mariani e Caio Budel

Sabrine Matos, idealizadora da plataforma, disse que objetivo é facilitar o acesso à informação e, consequentemente, aumentar a segurança de mulheres em relacionamentos e interações do dia a dia.

Foi vendo o caso de uma mulher que não sabia o passado de violência do namorado que a curitibana Sabrine Matos, de 29 anos, criou um projeto que pretende colaborar com a segurança feminina. Ela idealizou a plataforma Plinq, que permite checar antecedentes criminais e registros de processos de potenciais relacionamentos amorosos.

O caso que inspirou Sabrine foi o de Vanessa Ricarte, jornalista de Mato Grosso do Sul, assassinada pelo ex-noivo em fevereiro deste ano. Segundo a investigação, durante o namoro, Vanessa não sabia da existência de pelo menos 14 processos de violência doméstica que tramitavam contra ele.

“Eu fiquei com aquilo na cabeça. Pensei em quantas mulheres já viveram ou vivem algo parecido simplesmente por não terem acesso fácil à informação”, conta Sabrine.

A plataforma foi lançada em maio deste ano e, em menos de dois meses, ultrapassou 15 mil usuárias, que pagam R$ 97 por ano para utilizá-la. O funcionamento foi pensado para que a mulher consiga, com poucos cliques, informações simplificadas sobre processos criminais, mandados de prisão e outras ocorrências que eventualmente pesem contra um namorado, por exemplo.

O sistema oferece para as mulheres, ainda, uma espécie de tradutor do que cada processo significa. Alertas em cores ajudam a usuária a identificar potenciais riscos de forma intuitiva. No caso de uma avaliação red flag – bandeira vermelha, em inglês –, a plataforma deixa uma orientação para a usuária:

“Com base na análise dos processo judiciais relacionados a [nome do homem], tivemos acesso a múltiplas informações que indiciam a existência de processos em segredo de justiça. Essas circunstâncias dificultam determinar se ele é vítima, acusado, advogado ou outra parte envolvida, o que torna essencial uma conversa franca e uma avaliação cuidadosa antes de qualquer encontro. Recomendo, com toda atenção, que prossiga com cautela e busque conhecer melhor a pessoa, sempre priorizando a sua segurança.”
No caso de categorização com green flag – bandeira verde –, a plataforma também acende um alerta: “A ausência de registros públicos não garante que a pessoa não tenha passado por situações que não estejam registradas […] Uma conversa franca pode ajudar a criar um ambiente de confiança e segurança para ambos”.

A engenheira Greisa Mesquita foi uma das primeiras usuárias da plataforma. Ela conta que, inicialmente, queria pesquisar o histórico de homens que conhecia por aplicativo, mas, com o tempo, passou a usar as pesquisas para contatos de serviço, como caronas.

“Uma vez fui olhar o nome de um motorista de carona e descobri processos por agressão. Cancelei na hora. Hoje não encontro ninguém sem verificar antes. É um filtro. A gente não pode impedir que alguém seja violento, mas pode evitar se colocar em risco”, disse.
Para informar as usuárias, a plataforma usa bases de dados públicas, disponíveis em tribunais e diários oficiais, e por isso não há infração à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), conforme Sabrine. A proposta, segundo a fundadora, é organizar informações que antes estavam dispersas.

A plataforma também oferece acesso ilimitado para pesquisas sem exposição pública dos nomes das usuárias ou de pessoas que eles consultaram. Além disso, a Plinq não detalha o teor dos processos contra os homens: ela foca em mostrar informações gerais e motivo que os levaram a responder um processo judicialmente, por exemplo.

Acesse a matéria no site de origem.

Nossas Pesquisas de Opinião

Nossas Pesquisas de opinião

Ver todas
Veja mais pesquisas