(Gênero e Número| 26/04/2022 | Por Vitória Régia da Silva)
Assim que a jornalista Vera Magalhães revelou, em 2020, que o presidente Jair Bolsonaro estava convocando atos antidemocráticos, passou a ser alvo do que ela viria a classificar como o maior ataque de ódio na internet que já sofreu: “Nessa ocasião, vieram ameaças mais claras, com a publicação, por exemplo, de onde os meus filhos estudavam, nome da escola dos meus filhos, que eu tive de recorrer para que o Twitter tirasse aquela postagem porque colocava os meus filhos em risco”, relembrou durante entrevistra concedida para a pesquisa “O impacto da desinformação e da violência política na internet contra jornalistas, comunicadores mulheres e LGBT+”.
Em sintonia com os depoimentos de Magalhães, 92,5% das profissionais que responderam à pesquisa afirmaram que o fenômeno da desinformação é “muito grave” e que afeta o trabalho que realizam. Em 55% dos casos, afeta o trabalho diariamente, a vida profissional (55%) e a vida pessoal (45%). Para a coordenadora de incidência da Repórteres sem Fronteiras, Bia Barbosa, um aspecto que chama a atenção na pesquisa é a mudança do comportamento dos profissionais na internet, como reflexo da percepção que têm da violência. “Essa prática de violência é tão bem sucedida que resulta até mesmo na intimidação das profissionais que não sofreram diretamente o ataque, mas que por medo de sofrer já mudam seu comportamento”. Os dados revelam que 85% mudaram o comportamento nas redes sociais nos últimos três anos para se proteger dos ataques, mesmo quem não sofreu violência online.