Nos primeiros 11 dias de 2017 foram noticiados pelo menos cinco casos de mulheres que morreram justamente por serem mulheres. Todos com requintes de crueldade. O ano virou com o chocante caso de Campinas, no qual Sidnei Ramis de Araújo matou a ex-mulher, o filho de 8 anos e outras 11 pessoas, incluindo ele próprio. No total, nove vítimas eram mulheres.
(HuffPost, 12/01/2017 – acesse no site de origem)
Nesta quinta-feira (12), as notícias de outros dois casos evidenciam que o feminicídio não pode ser aceito.
Amanda Moranez é considerada mais uma vítima que engrossa as estatísticas de violência contra mulher. Segundo o jornal O Dia, ela e o namorado foram encontrados mortos em Porto Alegre, no ultimo dia 10, dentro de casa.
A suspeita da polícia é de crime passional, pois Gustavo de Oliveira Pereira, 26 anos, não aceitava o fim do relacionamento. Ele teria estrangulado a mulher e a matado em seguida.
Perto do Natal, quando terminou o namoro, Janaina Mitiko, 32 anos, foi agredida pelo namorado e passou a receber ameaças. De acordo com informações do G1, o soldado a esperou na porta de casa, por volta de 22h, de quarta-feira (11), e a agrediu novamente. Depois atirou nela e fugiu.
“Uma das partes não aceita o término e comete o crime. (…) É o fim de duas vidas: de um lado, uma moça linda fazendo faculdade de Pedagogia e uma mãe que gostaria de ver a filha formada, e do outro um homem se achando maior que Deus e ao mesmo tempo legal, com uma carreira destruída.”
Também no estado de São Paulo, uma menina de 18 anos foi assassinada pelo ex-namorado de 24 anos. Segundo o R7, no último dia 3, o vigiante Anderson Silva dos Santos convidou Gabrielly Dias de Macedo para tentar reatar o romance a matou por suspeitar que ela tivesse encontrado um novo amor.
Gabrielly foi espancada por Anderson até morrer. Os dois estiveram juntos por sete meses e chegaram a morar no local do crime.
No primeiro dia do ano novo, Renata Rodrigues Aureliano, de 29 anos, foi a vítima de Jéferson Diego Caetano da Costa, de 26 anos. Outro insatisfeito com o fim do relacionamento. Ele teria ateado fogo nela com um galão de gasolina. Renata chegou a correr para casa para pedir ajuda. Um dos dois filhos de casal, de 9 anos, assistiu à cena. Ela foi levada para o hospital, mas não resistiu e morreu no dia 2.
Chacina de Campinas
O caso com maior repercussão foi o que abriu o ano. A morte de Isamara Filier e do filho, de 8 anos, foi um marco. A chacina, com oito mulheres mortas, foi premeditada, com toques de crueldade.
Em duas cartas, Sidnei Ramis de Araújo deixou claro que queria “pegar o máximo de vadias da família juntas”. Ele acusava a ex-mulher de tentar distanciá-lo do filho e dizia que as vadias fazem tudo que é errado.
“Eu ia matar as vadias (eu já tinha a arma e raspei a numeração pra não prejudicar quem me vendeu, ela precisava de dinheiro). Família de policial morto não recebe tantos benefícios com a família de presos. Cadê os ordinários dos direitos humanos? Estão sendo presos por ajudar bandidos, né? Paiseco de bosta. Sei que me achava um frouxo em não dar uns tapas na cara dela, mas eu não podia te dizer as minhas pretensões em acabar com ela! Tinha que ser no momento certo. Quero pegar o máximo de vadias da família juntas.”
Mortes, infelizmente, são rotina
Especial de 10 anos da Lei Maria da Penha, feito pelo HuffPost Brasil, alerta: “todos os dias, 13 mulheres são assassinadas no Brasil. É a quinta mais alta taxa no mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2014 foram 4.832 homicídios, segundo dados mais recentes do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Dessas mortes, o governo federal não têm noção de quantos são casos de violência doméstica”.
Até quando?
Por Grasielle Castro