Ativista dos direitos das mulheres é assassinada na Guatemala

25 de setembro, 2018

Juana Ramirez Santiago era uma das lideranças influentes da “Rede de Mulheres Ixil” e recebeu ameaças por trabalho contra violência de gênero; até o momento, autores de disparos não foram identificados

(Opera Mundi, 25/09/2018 – acesse no site de origem)

A ativista de origem maia Juana Ramirez Santiago, 57, foi morta a tiros no oeste da Guatemala no último domingo (22/09), de acordo com um comunicado emitido pela Unidade de Proteção a Defensores dos Direitos do país. Os autores ainda não foram identificados.

Segundo a declaração, a representante de causas sociais da “Rede de Mulheres Ixil” relatou que recebeu ameaças de morte por conta de seu trabalho de apoio a vítimas femininas de violência na região onde foi alvejada.

O local é conhecido por ter sido uma das áreas mais atingidas por assassinatos e conflitos durante a guerra civil de 1960-1996, que incluiu casos de limpeza étnica contra os nativos maias e guerrilheiros locais que se opuseram ao governo guatemalteco.

O escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Guatemala condenou o assassinato, prestando solidariedade aos amigos e parentes de Ramirez e afirmando que “confia nas investigações” dos promotores locais.

A diretora da Rede de Mulheres Ixil, Juana Baca, também lamentou o ocorrido, dizendo que a ativista “era uma mulher dedicada a trazer vida ao mundo e a fundadora da organização, sempre cuidando do bem-estar das mulheres ixil”. O marido da ativista disse à Prensa Latina que a esposa “também apoiava a comunidade com seu trabalho como parteira”.

Desde maio de 2018, ao menos oito ativistas de direitos humanos e indígenas foram assassinados no país centro-americano. A Unidade de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos da Guatemala (Udefegua) registrou 135 agressões, 13 assassinatos e duas tentativas de assassinato contra ativistas entre 1º de janeiro e 08 de junho deste ano.

Relação política 

A maioria das vítimas em 2018 tem relação com uma associação camponesa que se opõe às políticas do presidente Jimmy Morales, acusado de corrupção e enriquecimento ilícito de campanha quando foi eleito, em 2015.

Morales vem enfrentando uma série de protestos que pedem sua renúncia, principalmente após se envolver em uma polêmica com a Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (Cicig).

O presidente chegou a barrar o chefe da comissão, Iván Velásques, de entrar em território guatemalteco, mas foi barrado por uma decisão da Corte de Constitucionalidade do país.

Lucas Berti

Nossas Pesquisas de Opinião

Nossas Pesquisas de opinião

Ver todas
Veja mais pesquisas