‘Ela o deixa, ele a mata’: França, Itália e Bélgica têm protestos contra o feminicídio

24 de novembro, 2019

Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas: juntas, França e Itália registraram mais de 200 mulheres assassinadas por seus atuais ou antigos parceiros em 2019

(O Globo, 24/11/2019 – acesse no site de origem)

BRUXELAS — Milhares de pessoas foram às ruas da Itália, França e Bélgica protestarem neste fim de semana contra o feminicídio .

No sábado, centro de Paris foi pintado de roxo, a cor adotada na campanha, com manifestante segurando cartazes com imagens de parentes ou amigas assassinadas por seus atuais ou antigos parceiros.

De acordo com uma contagem realizada pela consultoria Occurrence, encomendada por um grupo de veículos de mídia, como a AFP, quase 50 mil pessoas marcharam nas ruas da capital francesa.

Uma mulher é morta na França a cada três dias por seu parceiro ou ex-parceiro. Além disso, a violência conjugal afeta 220 mil francesas a cada ano.

Já na Itália, também no sábado, foram outras dezenas de milhares de pessoas. Segundo as organizadoras, que compõem o grupo “Non Una de Meno!” (Nem um a menos!), o país teve 94 vítimas deste crime no ano.

Bandeiras de partidos e sindicatos políticos estavam ausentes a pedido dos organizadores e muitos dos participantes usavam rosa, a cor escolhida para a manifestação.

“Somos a voz feroz e poderosa de todas as mulheres que não têm mais voz”, disse uma faixa.

Na Bélgica, o protesto foi realizado neste domingo. As manifestantes colocaram pares de sapatos femininos pintados de vermelho do lado de fora de um tribunal para simbolizar as vítimas de feminicídio.

Os manifestantes carregavam cartazes dizendo “Ela o deixa, ele a mata”, “Um vestido não é um ‘Sim’” e “Meu corpo, minha escolha, meu consentimento”.

A polícia disse que cerca de 10 mil pessoas compareceram ao protesto, que ocorreu às vésperas do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres no país. Mais eventos estão planejados para segunda-feira.

— Os sapatos vermelhos representam mulheres mortas por um homem — disse Julie Wauters, do grupo Mirabal, que organizou a manifestação anual. — Houve cerca de cem deles nos últimos três anos.

O grupo disse que não há estatísticas oficiais na Bélgica sobre feminicídio. Um banner em exibição no domingo dizia: “Sou o próximo?”

Medidas

Itália e França já anunciaram medidas que pretendem adotar para conter o problema.

O ministro da Economia italiano, Roberto Gualtieri, anunciou no sábado que 12 milhões de euros (R$ 56 milhões) serão liberados para ajudar os filhos de mulheres mortas por seus parceiros.

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Ele anunciou numa rede social que o dinheiro será usado para financiar bolsas de estudo, custos médicos e treinamento profissional.

Já na França, o escritório do Ministério da Igualdade informou que reservou 361,5 milhões de euros (R$ 1,6 bi) para ações. O governo deve anunciar nesta segunda-feira cerca de 40 medidas para combater o problema.

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