Quando a série britânica “Adolescência” estreou, contando o drama de um menino de 13 anos que mata uma colega, provocou um debate mundial sobre o que deve ser feito para prevenir a violência crescente contra meninas, em especial nas escolas.
Mas parece que, no Brasil, não despertamos para a urgência desse tema. Existe a impressão, para muitos, de que é um problema distante.
No Reino Unido, o protagonista da série, Stephen Graham, disse ter tido a ideia da produção depois de ler duas notícias sobre meninos que mataram meninas, a facadas. Ele queria entender o que está nos levando, como sociedade, a tamanho ódio — e sua pesquisa o despertou para os perigos da machosfera digital. Há um exército de homens adultos por trás do crime que aquele adolescente cometeu.
Nesta semana, foi enterrada no Sertão pernambucano uma menina de 11 anos, assassinada brutalmente por colegas de escola. Sabemos o nome dela: Alícia Valentina Lima dos Santos Silva. Não sabemos os nomes de quem a matou.
O boletim de ocorrência afirma que Alícia foi agredida por quatro meninos e uma menina, e registra que a vítima se recusou a ficar com um deles. O atestado de óbito afirma que ela morreu por causa de um traumatismo craniano — ou seja, levou um ou mais golpes fatais na cabeça.