(Folha de S.Paulo, 01/06/2014) O governo federal, Estados e municípios afirmam que estão se armando para tentar evitar uma explosão do turismo sexual infantil na Copa.
A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência iniciou em 2013 um plano para agilizar ações de combate ao crime, com reforço de equipes e plantões em dias de jogo.
A maior parte das ações se concentrará no entorno das arenas e das fan fests da Fifa, segundo a secretaria. As meninas encontradas pela reportagem no Recife, em Fortaleza e em Manaus, no entanto, estavam longe dessas áreas.
“A exploração sexual infantil não está mais tão visível, ela acontece nos bastidores da sociedade, por isso há dificuldade para combatê-la”, disse Angélica Goulart, secretária nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente da Secretaria dos Direitos Humanos.
Para a ONG sueca Childhood, que trata do assunto no Brasil, o governo demorou a agir. “Em algumas cidades, a questão começou a ser trabalhada no começo do ano. Mas é um pontapé inicial importante”, disse Anna Flora Werneck, gerente da ONG.
Segundo ela, estudos mostram que eventos como a Copa, com “cenário de festa e álcool”, podem alavancar o turismo sexual infantil, e até a pausa no calendário escolar é um problema, por deixar as crianças vulneráveis.
Ela acredita que só tornar a prática um crime hediondo não resolve. “É preciso aumentar as denúncias, melhorar as formas de combate.”
Em Pernambuco, o governo informou que realiza palestras de conscientização e desenvolve um trabalho com taxistas para que denunciem a exploração sexual infantil.
A Prefeitura do Recife diz que fez oficinas com taxistas e trabalhadores do setor hoteleiro, enquanto Manaus realizou uma campanha na semana passada e prevê a instalação de uma rede de proteção com vários órgãos.
O governo do Ceará e a Prefeitura de Fortaleza, em parceria, dizem que têm uma política de fiscalização e que neste ano vão ampliá-la.
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