No dia 23 de setembro comemora-se o Dia da Visibilidade Bissexual, um nicho frequentemente esquecido e discriminado dentro do meio LGBT. A data é justamente para lembrar que existimos e que merecemos ter nossas pautas atendidas.
(O Estado de S. Paulo, 22/09/2016 – acesse no site de origem)
Cada letra de LGBT tem suas particularidades, sendo os “G” os que estão na posição menos desconfortável em termos de visibilidade. Todos os outros têm suas próprias datas para lembrar suas existências e alertar que nem sempre “diversidade” está abarcando todo mundo. No caso d@s bissexuais, são muitos os pré-conceitos errôneos: para muita gente bissexualidade não existe. Ou é sinônimo de promiscuidade. Ou de confusão. Ou bissexuais são os responsáveis por espalhar doenças sexualmente transmissíveis. Todas ideias sem fundamento e que o dia 23 de setembro tenta esclarecer.
A bissexualidade causa muita confusão, talvez não seja uma identidade tão fácil de se assimilar porque quebra nosso pensamento binário em que ou se gosta de uma coisa, ou de outra. Sem nenhuma outra possibilidade. Então eis o que é preciso saber sobre ela:
-Bissexuais não são “meio” uma coisa e “meio” outra coisa. Bissexualidade é uma identidade completa.
-Bissexuais não são heterossexuais que resolveram experimentar ou tão pouco gays/lésbicas que não têm coragem de sair do armário. Esses são estigmas comuns inclusive dentro do meio LGBT, o que é bem triste.
-Uma mulher bissexual que namora um homem não “vira” hétero: permanece bissexual. Se namora uma mulher, idem.
-E isso não significa que ela é promíscua. E nem que tem obrigação de fazer menage ou qualquer coisa do tipo. Aliás, bissexualidade não impede ninguém de ser monogâmico.
-A homo e a bissexualidade feminina são extremamente fetichizadas, o que é diferente de dizer que são respeitadas. Nenhuma mulher tem que exercer sua sexualidade pensando no quanto vai agradar o olhar masculino.
-Bissexuais não necessariamente se atraem por homens e mulheres na mesma proporção.
Todos os conceitos equivocados e os estigmas sobre bissexuais têm consequências sérias: um estudo inglês observou que as mulheres bissexuais têm mais problemas de saúde mental do que as lésbicas, estando 26% mais propensas ao suicídio. As causas são diversas, mas basicamente é porque elas têm mais dificuldade de se abrir sobre sua sexualidade e são marginalizadas tanto na sociedade “em geral” quanto no meio LGBT. O atendimento em saúde também é prejudicado, porque muitos médicos não sabem como atender pacientes lésbicas ou bissexuais*, o que também faz com que nem sempre a orientação sexual seja dita – e em uma sociedade heteronormativa, se assume automaticamente que a mulher é heterossexual.
São problemas quase desconhecidos tamanha a invisibilidade dessa sexualidade. Mas estamos aqui, hoje e sempre, para dizer: bissexuais existem e merecem respeito!