Escolas não estão preparadas para combater homofobia, dizem especialistas

11 de março, 2015

(Correio Braziliense, 11/03/2015) Especialistas em questões de diversidade alertam que instituições de ensino não estão aptas a estimular o debate da igualdade, o que poderia evitar tragédias como a morte de adolescente filho de pais gays na Grande São Paulo

A morte de Peterson Ricardo de Oliveira, 14 anos, após ter sido agredido na escola em que estudava por ser filho adotivo de um casal homoafetivo, evidencia a homofobia nas instituições e as falhas do sistema educacional em lidar com questões de gênero e de orientação sexual. O adolescente morreu na segunda-feira (9/3), após ser internado no dia 5 com parada cardiorrespiratória no Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo.

Apesar de existirem iniciativas pontuais de conscientização tanto de alunos quanto de educadores, não há políticas públicas efetivas para coibir a homofobia e a violência de gênero. Em 2011, o projeto Escola sem Homofobia, feito em parceria com o Ministério da Educação e conhecido como “kit gay”, perdeu força após críticas e pressão de bancadas religiosas no Congresso. A iniciativa foi suspensa pela presidente Dilma Rousseff naquele ano.

Atualmente, o projeto atende a demandas específicas, quando pedidos por escolas, explica Guilhermina Cunha Aires, vice-presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) e integrante do Escola sem Homofobia. Ela afirma que, na maioria das vezes, as agressões são negadas por professores e diretores. “Mais de 90% da violência que acontece na escola não é noticiada”, diz. Em relatório publicado em 2012, a entidade detectou que diversos professores não se sentiam preparados para lidar com essas questões e temiam que as famílias se opusessem à discussão desses temas no ambiente escolar.

Tais barreiras fazem com que a história de Peterson não seja rara. Em 2014, foram registradas 1.013 denúncias de homofobia pelo Disque 100. São Paulo é o estado com maior número de casos. Foram 150, o equivalente a 24,68% do total no país. Rio de Janeiro e Minas Gerais aparecem em seguida, com 7,60% e 7,21% das denúncias, respectivamente.

Marcella Fernandes

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