(Folha Online, 26/06/2014) A Igreja Católica precisa ser menos severa em seu julgamento dos homossexuais e, embora continue a se opor ao casamento gay, deve acolher os filhos de casais gays à religião com igual dignidade, afirmou na quinta-feira (26) um documento do Vaticano.
Um documento de trabalho de 75 páginas, preparatório para o sínodo (encontro de bispos) que deve acontecer em outubro no Vaticano para discutir questões de família, também diz que a Igreja, que conta com 1,2 bilhão de fiéis, precisa se tornar menos exclusiva e mais humilde.
O documento, conhecido pelo nome latino “Instrumentum Laboris”, também ressalta a ampla distância entre a doutrina oficial da Igreja quanto a questões de moralidade sexual e sua aceitação e compreensão pelos fiéis.
O texto se baseia nas respostas a um questionário de 39 perguntas distribuído a dioceses de todo o mundo antes do sínodo. Pela primeira vez, na preparação para uma reunião como essa, o Vaticano solicitou aos bispos que circulassem amplamente a pesquisa junto aos padres das paróquias, e que os padres solicitassem as opiniões de seus fiéis.
A posição tradicional da Igreja quanto à homossexualidade em alguns casos resultou na exclusão de filhos de homossexuais das atividades da Igreja. Embora o documento não sinalize nenhuma mudança imediata na condenação da Igreja a atos homossexuais e em sua oposição ao casamento gay e à adoção de filhos por homossexuais, a linguagem empregada é perceptivelmente menos censória e mais compassiva do que a de passadas declarações do Vaticano.
O texto afirma que, embora os bispos mantenham sua oposição a uma “redefinição” do casamento pelos governos ao permitirem uniões homossexuais, a Igreja precisa encontrar um equilíbrio entre seus ensinamentos sobre a família tradicional e “uma atitude respeitosa e menos severa no julgamento dessas uniões”.
Philip Pullella
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