(O Estado de S. Paulo, 24/02/2015) ‘Facebookaço’ e ‘tuitaço’ foram marcados para as 12h; depoimento de jornalista sobre a adoção do filho marcou apoio ao ato
Milhares de pessoas participaram nesta terça-feira, 24, de um “facebookaço” e de um “tuitaço” contra o Projeto de Lei 6.583, chamado de Estatuto da Família, que pretende oficializar como “família” apenas núcleos formados a partir da união entre um homem e uma mulher. Apresentado em 2013 pelo deputado evangélico Anderson Ferreira (PR-PE), o projeto acaba de ser desarquivado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e tem por objetivo impedir que casais homossexuais adotem crianças.
A partir do meio-dia desta terça, internautas de todo o País lançaram a iniciativa nas redes sociais usando a hashtag #emdefesadetodasasfamílias. O intuito era mostrar que a família não é formada apenas por casais heterossexuais.
Ao blog do Estado Ser mãe é padecer na internet, de Rita Lisauskas, o jornalista Gilberto Scofield Jr. divulgou um depoimento sobre a adoção de seu filho, que havia sido rejeitado por três casais heterossexuais.
“Antes de nós, três casais heterossexuais já haviam visitado PH no abrigo e o rejeitaram: dois porque o acharam ‘muito feio’. O terceiro porque PH era ‘negro demais’. Hoje, completamos quatro meses com ele no Rio, em nossas vidas. Ele está em um pré-escolar, frequenta aulas de natação e ginástica e não poderia estar mais feliz com as novidades da nova vida”, afirmou Scofield Jr.
O jornalista recorda que existe farta literatura científica provando que crianças criadas por casais homossexuais não diferem em nada daquelas criadas por casais heterossexuais.
Ele ainda manda um recado para o presidente da Câmara dos Deputados. “A paternidade virtuosa não é um monopólio da heterossexualidade. E, caso a sua religião não pregue a tolerância (Cunha é evangélico), preste atenção a um fato muito simples: toda criança adotada por um casal de gays ou de lésbicas foi abandonadas, espancada, negligenciada por um casal heterossexual, esse mesmo que o senhor julga ser o único capaz de criar filhos ‘normais’.”
Entre os apoiadores e participantes da iniciativa nas redes sociais estavam o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), o escritor Ricardo Lísias e o estilista e designer Carlos Tufvesson.
Se tem amor, não falta nada #emdefesadetodasasfamílias — Isabela Clerot (@belaclerot) 24 fevereiro 2015
#emdefesadetodasasfamílias pic.twitter.com/rdENGjH6Gv
— Priscila Lopes (@priscilal0pes) 24 fevereiro 2015
Não acredito que em pleno século 18 estamos falando sobre proibir gays de formarem uma família… #emdefesadetodasasfamílias
— Paulo Eduardo (@paulo_cantuaria) 24 fevereiro 2015
#emdefesadetodasasfamílias Até quando vamos deixar conceitos e repressões religiosas oprimirem o que é de fato… http://t.co/jWjsV80YHf
— William Koike (@willkoike) 24 fevereiro 2015
#emdefesadetodasasfamílias pic.twitter.com/sIERW3n5XN
— Suylene Tatiany (@SuyleneTatiany) 24 fevereiro 2015
#emdefesadetodasasfamílias Pq independente da opção d constituir família,importante é arcar com muito amor a decisão! pic.twitter.com/g9g1tR8YNK
— Show Time (@superrrita) 24 fevereiro 2015
Mônica Reolom
Acesse o PDF: Internautas se mobilizam em ‘defesa de todas as famílias’ (O Estado de S. Paulo, 24/02/2015)