(Católicas pelo Direito de Decidir, 03/06/2015) Quarta-feira, 3 de junho de 2015. 154 dias do ano já se passaram. Neste período, segundo o Grupo Gay da Bahia, pelo menos 135 pessoas foram mortas por serem LGBTIs, a maioria transexuais e gays. Toda vez que nós, Católicas feministas, vemos uma notícia de um crime de ódio nos perguntamos: por que existe tanta LGBTIfobia no mundo? A fobia e o ódio por pessoas gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros e intersex existe e mata muita gente, porque há pessoas e grupos específicos que não toleram a diferença e destilam seu ódio justificado por ideologias fundamentalistas por todos os lugares por onde passam. Aí você pergunta? “Meu Deus, jura? Quem são essas pessoas?”. A gente responde: são religiosos que pregam a heterossexualidade como norma e regra a ser seguida, que convencem seus fiéis que gays são coisa do diabo, que dizem que eles precisam ser curados ou não deveriam existir; são políticos que não medem esforços para acabar com os direitos humanos; são jornalistas ou grupos midiáticos que dão espaço para esses religiosos e políticos; são aqueles ‘amigos’ que fazem piada homofóbica; são pessoas comuns que assediam os LGBTIs na rua; enfim, a lista é grande.
No Brasil, o mais absurdo ainda é que parte desses perfis de pessoas perigosas citadas acima está na Casa do Povo! Eles enxamearam nosso Parlamento de tal maneira que lá se vive uma ditadura que, desde as últimas eleições, vem dirigindo o País conforme seus interesses políticos e financeiros. De lá, vem uma bomba atrás da outra… Tem ‘representante’ do povo que tem saudade da ditadura; que diz que tem mulher que merece ser estuprada; que diz que ativista é tudo bandido; que quer colocar criança na cadeia; que incita a LGBTIfobia; que acha que falar de gênero na escola é um absurdo; que cria projeto de lei que determina que família é só homem e mulher; que quer financiar pensão para estuprador; que acha que mulher que aborta deve ser presa; que usa dinheiro público para pagar programa religioso na TV; que sonega imposto porque tem igreja; que libera financiamento de empresas para partidos políticos; que finge fazer reforma política.
As manobras e desfaçatez no Parlamento são tão evidentes que, nas redes sociais, o povo o apelidou de “House of Cunha”, em alusão à série norte-americana sobre escândalos e corrupção política chamada House of Cards, em português, a Castelo das Cartas, ou seja, da jogatina.
Em meio a este cenário político assombroso, em nosso cotidiano, ainda temos que aturar as autoridades de segurança pública que insistem em não tipificar corretamente os crimes homofóbicos, qualificando-os como latrocínios, brigas etc, apesar das evidências do ódio nos corpos das vítimas. E tem também a mídia que, conscientemente, reforça o coro reacionário com jornalismo ou teledramaturgia que desrespeitam a diversidade sexual e de gênero.
Apesar de tudo isso, a população LGBTI existe, resiste e luta pelos seus direitos! Sua dignidade e força são tão grandes que eles têm conquistado verdadeiros milagres diante de tanta fobia irracional. Há ainda muito que fazer, mas eles conquistaram a união civil, direito à pensão e saúde de seus companheirxs, já há casos de aprovação de adoção etc. Até o Papa Francisco vem a público frequentemente pedir aos cristãos que escutem e respeitem a população LGBTI.
O momento sociopolítico que vivemos no Brasil não deixa dúvidas: é hora de irmos para as ruas, de nos unirmos contra os fundamentalistas que tanto desrespeitam os direitos humanos e os LGBTIs.
A Caminhada Lésbica e a Parada Gay são momentos de festa, de comemoração das conquistas, de celebração da vida, mas também de denúncia contra as violações, de luta, de união, de articulação política. É momento de mostrar toda nossa força.
LGBTIs, vocês não estão sozinhos! Católicas conclama todas e todos os cristãos que participem da #LutaLGBTI.
Acesse no site de origem: Marchemos pela vida, pelo amor, pelo fim do fundamentalismo!, editorial Católicas pelo Direito de Decidir (Católicas pelo Direito de Decidir, 03/06/2015)