(ONU Brasil, 14/05/2015) O encontro marcou também o encerramento do Curso de Formação de Jovens Lideranças, fruto de parceria entre agências da ONU e o Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.
“A evasão das travestis da escola é muito grande e isso já não é mais aceitável. A pessoa trans tem, sim, que estar nas escolas, estar nas universidades e merece ser inserida no mercado de trabalho e ter a opção de escolher sua profissão e não ser obrigada e ter a única opção de ser prostituta. Eu sou travesti! E sou cidadã!”
O desabafo é da paraibana Ayune Bezerra, uma das 50 jovens lideranças que estiveram reunidas na última segunda-feira (11) na sede das Nações Unidas, em Brasília. A ocasião marcou uma dupla celebração: o início das comemorações do Dia Internacional de Luta contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia, celebrado mundialmente no dia 17 de maio, e o encerramento do primeiro Curso de Formação de Jovens Lideranças – Ativismo e mobilização social para a resposta e controle do HIV/AIDS.
As lideranças jovens participaram de um debate com o tema Homofobia no Brasil: desafios e estratégias de superação. Entre os debatedores estiveram representantes da ONU, do governo e da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.
“Estou aqui na Casa da ONU para demonstrar nossa solidariedade pessoal e institucional com toda forma de combate a este preconceito inaceitável”, afirmou o Coordenador do Sistema ONU na abertura do evento. Chediek também falou sobre as ações recentes das Nações Unidas para a promoção dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), entre elas o lançamento do manual Promoção dos Direitos Humanos de Pessoas LGBT no Mundo do Trabalho, no âmbito das iniciativas Livres e Iguais e Zero Discriminação.
Após o debate, os jovens participaram também da inauguração da exposição fotográfica TRANS[ver], do fotógrafo Fábio Rebelo, na sede da ONU em Brasília. As fotografias retratam a beleza e a força de mulheres transexuais, provocando o deslocamento no olhar das pessoas e a reflexão de que o corpo não determina necessariamente a expressão da identidade de gênero.
Jovens líderes
O Curso de Formação de Jovens Lideranças, realizado de 7 a 11 de maio em Brasília, buscou empoderar e capacitar a juventude de populações-chave – profissionais do sexo, travestis e transexuais, homens que fazem sexo com homens, pessoas vivendo com HIV e pessoas que usam drogas –, além de jovens profissionais de saúde, redutores de danos e ativistas da população negra e indígena, sobre os principais desafios da resposta ao HIV no país. A iniciativa é uma parceria entre o Fundo da ONU para a Infância (UNICEF), a Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Comunicação (UNESCO), Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) e o Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde – DDAHV.
As oficinas e palestras apresentaram aos jovens informações sobre HIV/AIDS, o Sistema Único de Saúde (SUS), Direitos Humanos, sexualidade, gênero, ativismo na juventude e relações com as diferentes mídias – tradicionais e digitais.
“Acho que o curso foi um divisor de águas na vida de todos nós: entramos talvez imaturos, inseguros, e saímos como jovens líderes, conscientes, que precisam apenas de visibilidade e de oportunidade para falar”, disse Onofre Malta Netto, do Rio de Janeiro, jovem participante do curso, durante a cerimônia na Casa da ONU.
Acesse no site de origem: ONU recebe 50 jovens ativistas para celebrar Dia Internacional de Luta contra Homofobia (ONU Brasil, 14/05/2015)