(Revista Fórum, 12/11/2015) Questionamento foi feito pela deputada federal Margarida Salomão (PT-MG) durante audiência pública na Comissão de Educação da Câmara, cujo tema era “ideologia de gênero e orientação sexual”. Vídeo viralizou nas redes, assista
“Quando comemoramos 350 anos da morte de Galileu, o Papa João Paulo II pediu perdão a Galileu em nome da Igreja Católica. Pediu perdão ao sofrimento e perseguição que infligiu a Galileu. Eu pergunto: quanto tempo será que vamos demorar para pedir perdão às mulheres, aos homossexuais e aos transgêneros?”. O questionamento foi feito pela deputada federal Margarida Salomão (PT-MG) na última segunda-feira (10), durante audiência pública na Comissão de Educação da Câmara.
O tema da reunião era “ideologia de gênero e orientação sexual”. A fala de Salomão ocorreu durante embate com Miguel Nagib, coordenador do movimento Escola Sem Partido. Nas redes, o discurso da parlamentar já foi compartilhado 3.800 vezes. Confira:
Margarida discursa sobre ideologia de gêneroQUESTÕES DE GÊNEROQuero dizer que eu respeito profundamente as diferentes crenças, mas isso não me impede de fazer alguns posicionamentos com muita clareza.Em primeiro lugar, ideologia de gênero é de fato uma proposição extraordinariamente infeliz. Porque leva a supor que na escola haja qualquer outra coisa que não seja uma formação ideológica, de um perfil ou de outro. Historicamente no Brasil, o perfil é machista, racista, patriarcal, anti-feminista.Então, se há um movimento na sociedade para desconstruir esta ideologia (e com toda certeza este movimento também tem uma natureza ideológica), isso é absolutamente legítimo porque, afinal de contas, na escola o que nós temos é uma disputa de ideologias, sendo inclusive a tentativa de desconstrução da ideologia centenária que preside a escola, um movimento minoritário.Eu quero dizer isto como professora: toda formação escolar é ideológica. No caso da educação pública, o que se busca implementar são políticas públicas, que efetivamente não podem ter matiz partidária e temos construído isso, desde a redemocratização.A relação entre biológico, social e cultura, é de uma complexidade que não pode ser linearizada de uma forma rudimentar. Não se pode imaginar que aí, nós teremos uma determinação biológica ou uma determinação social. O corpo, até a forma que nós temos de nos comportar, é construída socialmente.Mas eu me pergunto. Até onde vamos com isto? Eu quero dizer que o Estado como sendo o propositor das políticas educacionais, ele acaba se comprometendo sim com a ciência. A educação moderna é inteiramente comprometida com a ciência. Estou falando do ponto de vistá público.Por exemplo, nós ensinamos na escola que a Terra se move em torno do Sol e que a Terra se move em torno de si mesma. Isso foi considerado, a coisa de 400 anos atrás, uma heresia. Em 1992, quando se comemorava os 350 anos da morte de Galileu Galilei, o Papa João Paulo II pediu perdão à Galileu. Em nome da igreja católica. Pediu perdão ao sofrimento e à perseguição que infligiu à Galileu.Eu pergunto: quanto tempo será que nós iremos demorar para pedir perdão às mulheres aos homossexuais e aos transgêneros simplesmente porque nós não queremos fazer aquilo que estamos endossados cientificamente para fazer?Essa foi minha defesa da inclusão das discussões de gênero nas escola, debatida hoje (10) na audiência pública da Comissão de Educação.
Posted by Margarida Salomão on Terça, 10 de novembro de 2015
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