Saúde mental no esporte e a urgência por espaços seguros para pessoas LGBTQIA+, por Júlia Vergueiro

Arco íris LGBT

Foto: Unplash

30 de junho, 2025 Portal Catarinas Por Júlia Vergueiro

Da criação de um vestiário para pessoas trans ao enfrentamento da exclusão, Júlia Vergueiro nos convida a pensar: como construir espaços seguros no esporte?

“Se eu não sou acessível para todo mundo, eu não sou acessível.” A frase de Alexandre Kiyohara, gerente de Desenvolvimento Organizacional, Diversidade, Equidade e Inclusão da Wellhub, marcou sua participação na primeira edição do Nossa Pride, evento promovido pela Nossa Arena entre 12 e 14 de junho.

Ao falar sobre a presença da comunidade LGBTQIA+ no esporte, Kiyohara destacou a urgência de ocupar, com corpo e voz, um espaço que é de todos, mas que quase nunca é construído para todos — e lembrou que a falta de acessibilidade e pertencimento impacta diretamente a saúde mental de pessoas frequentemente silenciadas e invisibilizadas nos ambientes esportivos.

Ao mesmo tempo, quando há acolhimento, o esporte pode se tornar um potente instrumento de autoestima, bem-estar emocional e construção de redes de apoio.

Uma pesquisa da Out in Sports (2022) revelou que 81% de jovens LGBTQIA+ escondem sua identidade nesses espaços por medo de julgamentos. Já o levantamento do Instituto Global Athlete (2023) apontou que mais de 40% dos atletas da comunidade queer já sofreram discriminação no esporte. O estudo escancara um problema estrutural, com impactos emocionais profundos na saúde mental da comunidade.

Por outro lado, o esporte também é parte da solução. Segundo a Organização Mundial de Saúde (2024), a prática regular de atividade física pode reduzir sintomas de depressão e demência em até 32%, melhorar o sono e o humor geral.

Entre jovens trans e não-bináries, os ganhos são ainda mais expressivos. O estudo ‘’Sports Team Participation, Bias-Based Bullying, and Mental Health Among Transgender and Gender Diverse Adolescents’’ com participação de mais de 10 mil adolescentes norte-americanos, revelou que quem participa de equipes esportivas apresenta menor prevalência de sintomas depressivos e ansiosos, mesmo quando sofre preconceito motivado por identidade de gênero.

Dados do Center for American Progress mostram que atletas LGBTQIA+ relatam 20% menos sintomas de depressão que seus pares que não praticam esportes, e que a simples existência de políticas inclusivas reduz em 14 pontos percentuais a ideação suicida entre estudantes trans.

Durante o talk, que contou com os influenciadores Gabi Moretti e Luca Scarpelli, referências em pautas queer, discutiu-se como a acessibilidade no esporte deve ser tratada não só como respeito, mas como direito e incentivo à saúde da comunidade. Luca lembrou de pessoas que deixam de experimentar um esporte ou perseguir um sonho por medo de não serem acolhidas. “Precisamos combater isso”, afirmou.

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