Um corpo desejado e sem lugar: o assédio contra mulheres trans e travestis

14 de dezembro, 2021

Mostramos por que a associação entre mulheres trans e travestis ao sexo é tão comum e, ao mesmo tempo, perversa e de que modo esse caldo social produz episódios de assédio e de importunação sexual

(Revista Marie Claire | 14/12/2021 | Por Anna Carolina Lementy)

“Uma travesti e uma mina trans são vistas como homens fantasiados. Imagina assumir que está saindo com alguém assim para os amigos, numa mesa de bar? Isso quebra toda a masculinidade que esperam dele. Não à toa, o Brasil é o país que mais mata pessoas trans e travestis, principalmente negras, e, simultaneamente, é o que mais consome conteúdo pornográfico envolvendo trans e travestis.”

Diz a influenciadora digital e travesti Rebecca Gaia, de 24 anos

Uma parte desse levantamento é feito pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), que produz, desde 2018, o Dossiê dos Assassinatos e da Violência Contra Pessoas Trans Brasileiras. A edição de 2020 mapeou pelo menos 175 assassinatos de pessoas trans, todas travestis e mulheres transexuais, em sua maioria, negras, pobres e prostitutas.

Em números absolutos, São Paulo foi o estado que mais matou a população trans em 2020, com 29 assassinatos (um aumento de 38% dos casos em relação a 2019), seguido do Ceará, com 22 óbitos (um aumento de 100%).

Em 2021, o número será maior, adianta Keila Simpson, presidente da Antra. Já chegamos a 175 pessoas, e o ano não acabou. O dossiê será lançado no dia 29 de dezembro, e nem todas as mortes aparecerão no relatório. “Temos subnotificação a cada ano. Ficamos assustadas, porque existe uma infinidade de dados que não aparecem.”

O material é produzido a partir de notícias na mídia e relatos de coletivos LGBTQIA+. Não existem dados fornecidos por governos e, muitas vezes, uma pessoa trans morta não é identificada como trans na certidão de óbito ou no hospital ou mesmo pela polícia.

Em termos mundiais, a liderança brasileira é atestada pela Transgender Europe (TGEU), que monitora, globalmente, dados levantados por instituições trans e LGBTQIA+. Entre 1 de outubro de 2020 a 30 de setembro de 2021, foram registrados 375 assassinatos no mundo, o que representa um aumento de 7% em relação ao ano anterior.

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