(UOL / Universa | 17/09/2021 | Por Andrea Dip)
Na quinta-feira (16), participei do painel de lançamento do livro “Políticas Antigênero na América Latina” (disponível para download gratuito no site do Observatório de Sexualidade e Política, que assina a publicação junto da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS), um estudo bastante completo realizado a muitas mãos, que retraça a trajetória temporal antigênero na América Latina e mostra como a “ideologia de gênero” e outras fórmulas são apropriadas por políticos e líderes religiosos em seus governos e planos de poder.
A publicação define por exemplo que a “ideologia de gênero” tem sido propagada na América Latina como uma cesta vazia. “A linguagem antigênero é popular, versátil e do senso comum. Ela deixou a semântica religiosa para trás e se apropriou de argumentos da biologia, biomedicina, demografia, assim como da democracia, cidadania e do direito.” E lembra que apesar de ter sido mais replicada a partir de 2013, o livro “Agenda de Gênero”, da jornalista norte-americana Dale O’leary publicado em 1997, já trazia essa ficção (termo meu), vinculada a um “marxismo, comunismo ou totalitarismo” —combinação que seria “particularmente poderosa nas eleições brasileiras de 2018, quando operou como uma cola simbólica para agrupar ‘ideologia de gênero’, pedofilia, Partido dos Trabalhadores e marxismo sob o mesmo guarda-chuva de acusações”.