Queremos aproveitar a crise como uma oportunidade de crescimento e questionar todos os Josés que, no dia a dia, praticam o machismo com a desculpa do humor
Tonani é uma guerreira. Com a ajuda corajosa das curadoras do blog #AgoraÉQueSãoElas, ela enfrentou um homem famoso que, conforme depoimento da figurinista, ultrapassou os limites que ela delimitou durante meses. Com os holofotes apontados para si e as feministas pressionando por uma resposta, José Mayer se desculpou: “admito que minhas brincadeiras de cunho machista ultrapassaram os limites do respeito com que devo tratar minhas colegas”.
(AzMina, 06/04/2017 – acesse no site de origem)
Uma das perguntas que a Su deixou coçando atrás de nossas orelhas no blog #AgoraQueSãoElas é: como podemos praticar violências com a desculpa da “brincadeira”? Nada do que aconteceu com a Su foi brincadeira. Aquilo foi violência e intimidação.
Mas nós queremos aproveitar esta crise como uma oportunidade de crescimento, nós queremos questionar todos os Josés que, no dia a dia, praticam o machismo com a desculpa do humor. Piada só existe se a gente ri junto. Piada só existe quando não há desequilíbrio de forças entre quem ri e quem é alvo. E o mais importante: machismo não tem graça.
A publicitária gaúcha Paula Essig ajudou a Revista AzMina a promover essa discussão e a gritar nosso basta com a campanha #MachismoNãoÉBrincadeira, uma produção filantrópica feita fundamentalmente por mulheres. E sem retoques digitais nos corpos das modelos.
“Quando falamos de cultura do estupro, a gente não fala muito que as desculpas usadas pelas pessoas pra continuar alimentando esses hábitos são de que é ‘só brincadeirinha’”, afirma Paula. “Quero que as pessoas parem e se questionem. E mudem. Quero que a campanha tenha este tipo de impacto.”
Com esta campanha, vamos explicar para todos vocês – anônimos e famosos – que o que chamam de piada, para a lei, é crime de assédio sexual. Vamos promover conversas, criar personagens, desenvolver projetos que façam homens e mulheres entenderem de uma vez por todas que, na outra ponta do fio que amarra uma piada machista está o olho roxo de mais uma mulher.
E agora, Josés?