(Exame, 10/06/2015) Assolada por uma devastadora crise humanitária, a população do Haiti foi forçada a lidar com outro grave problema enquanto tenta encontrar forças para se recuperar: segundo relatório obtido pela agência de notícias The Associated Press, membros das forças de paz da ONU exploraram sexualmente dezenas de mulheres e meninas em troca de comida e medicamentos.
O relatório, explicou a agência, faz parte de uma investigação conduzida pelo Escritório de Serviços de Supervisão Interna da ONU, responsável por realizar auditorias nos programas da entidade, e deve ser divulgado neste mês. Seu objetivo, continuou a AP, é o de avaliar como a missão lida com o “persistente problema de abuso e exploração sexual” no Haiti.
As constatações do relatório são alarmantes. De acordo com as investigações, um terço dos casos registrados envolvem vítimas com menos de 18 anos de idade e cerca de 231 mulheres e meninas relataram ter se relacionado sexualmente com soldados em troca de diferentes itens.
Apenas sete das vítimas entrevistadas conhecia a política da ONU que proíbe o abuso e a exploração sexual e nenhuma delas sabia da existência de um canal de denúncias nos quais tais casos poderiam ter sido reportados.
Não são raras acusações desta sorte contra soldados encarregados de manter a ordem em países devastados por conflitos armados e pela pobreza extrema, sejam eles membros de missões de paz da entidade ou estejam eles atuando em nome de seus países.
No mês passado, por exemplo, uma reportagem do jornal americano The New York Times lembrou o episódio, também registrado no Haiti, no qual soldados paquistaneses foram condenados por estuprar um menino.
Já na República Centro-Africana, soldados franceses teriam abusado sexualmente de dezenas de meninos de idades entre 9 e 15 anos. Até o momento, continua o jornal, ninguém foi punido.
Gabriela Ruic
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