(G1, 22/08/2014) Um levantamento do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) mostra que menos de 1% das denúncias contra os médicos terminam em punição com a cassação do registro, como informou o Bom Dia Brasil. Um dos punidos foi Roger Abdelmassih, preso no Paraguai na terça-feira (19).
Após a prisão, novas vítimas do ex-médico apareceram. Houve vítimas que relataram ter feito denúncia aos promotores e policiais, mas desistiram do processo no conselho médico por acreditar que o corporativismo fala mais alto.
Celi Paulino Carlota, que é delegada da mulher, já tem mais um depoimento e recebeu telefonemas de outras três vítimas. Um novo inquérito apura as denúncias de manipulação genética.
“Uma mulher que ficou grávida de gêmeos e que a idade gestacional foi diferente e, portanto, a criança nasceu com problema.
[Há denúncias de] que poderia se escolher o sexo, que houve turbinamento dos óvulos com óvulos de mulheres mais jovens”, afirmou.
Em São Paulo, de 2010 a 2013, o Cremesp recebeu entre 10 mil e 15 mil denúncias. Os registros de 33 médicos foram cancelados e apenas 14 dessas cassações foram confirmadas pelo conselho federal. Duas dessas denúncias, entre elas uma contra o Abdelmassih, eram de abuso sexual.
A empresária Evanilde Cerebrenik sofreu abuso na clínica de Abdelmassih quando tentava engravidar. Ela diz que levou oito anos para ter coragem de fazer a denúncia. Ela fala que foi ouvida por promotores, jornalistas e policiais, mas, no Conselho Regional de Medicina, sentiu-se desencorajada. “A impressão que eu tive ali foi de que eu tinha abusado do médico”, declarou.
O Cremesp diz que o número de denúncias de abuso sexual varia entre 30 e 80 por ano. Para a entidade, essas denúncias são as mais difíceis de investigar, porque, em geral, não há provas nem testemunhas. A apuração depende do confronto das versões da paciente e do médico.
O presidente do Cremesp, João Ladislau Rosa, negou que existisse uma negligência do conselho em ouvi-la. “O que existe é esta colocação que se faz, que é palavra contra palavra. Neste caso, quando a denúncia explodiu, não restava mais dúvida, fizemos uma fiscalização na clínica dele e o processo andou muito mais rapidamente.”
O Conselho Regional de Medicina de cada estado tem 42 conselheiros, independente do número de médicos do estado. Atualmente, São Paulo tem 118 mil médicos. O conselho paulista formou um grupo para estudar casos de assédio sexual e definir o perfil do assediador e espera, com isso, identificar os casos mais rapidamente.
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