(G1, 14/08/2015) Página incentiva mulheres a andarem juntas nas ruas. Para cariocas, atitude aumenta a sensação de segurança.
Andar rápido, torcer para o sinal abrir logo para atravessar, correr do ponto de ônibus até em casa. Atitudes comuns a muitas mulheres que têm medo de andar sozinhas levaram à criação do movimento “Vamos juntas?”, uma espécie de convite à união de desconhecidas contra a insegurança das grandes cidades. Entre as mais de 90 mil pessoas que curtiram a página do Facebook em duas semanas, são muitos os relatos de moradores do Rio de Janeiro buscando e oferecendo companhia para momentos que consideram perigosos.
“Tenho feito isso na saída da Uerj. Eu queria poder ter me conscientizado e feito isso mais cedo. Muitas vezes, as mulheres estão andando na mesma rua, sentindo o mesmo desconforto, mas não nos comunicamos nem ajudamos”, afirma a aluna de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e ativista feminista Maria Clara Bubna, de 21 anos.
A ideia surgiu no Rio Grande do Sul, quando Babi Souza, de 24 anos, percebeu como era reconfortante encontrar outra pessoa do mesmo sexo em situações de risco.
“Só as mulheres entendem o alívio de olhar para trás na rua e ver que a pessoa que está caminhando atrás de você é outra mulher”, diz.
A auxiliar administrativa Caroline Pêssoa, de 24 anos, conta que, sempre que possível, se aproxima de outra mulher para se sentir mais segura. E também ajuda quando pode.
“Há pouco tempo, estava andando pela orla de Copacabana quando vi uma senhora saindo do táxi. No mesmo instante, um cara começou a ir na direção dela. Fui andando rápido e fingi que a conhecia. O cara se assustou e desviou. Fomos juntas até o apartamento dela”, conta.
Além de aumentar a segurança, a estratégia também acaba criando amizades.
“Uma das minhas melhores amigas é uma menina que eu não conhecia e me acompanhou ao hospital em um dia em que eu não me sentia bem”, relata Maria Clara, que enumera as redondezas da Uerj, a Tijuca, o Centro e Santa Teresa como áreas em que sempre procura companhia feminina.
O próximo passo do “Vamos Juntas?” é a criação de uma plataforma para unir mulheres que estejam próximas e desejem companhia.
“Estamos estudando uma forma de tornar esses encontros possíveis”, conta Babi, que deseja ver cada vez mais mulheres indo juntas.
Elisa de Souza, sob supervisão de José Raphael Berrêdo
Acesse no site de origem: Movimento ‘Vamos juntas?’ une desconhecidas contra a violência (G1, 14/08/2015)