(Veja) O estupro coletivo de uma jovem de 17 anos na África do Sul provocou uma série de declarações de revolta por parte de políticos e pedidos de que o país reaja como a Índia contra uma aceitação cultural de abusos sexuais, informou nesta quinta-feira o jornal The Guardian. Na Índia, o estupro coletivo de uma estudante de fisioterapia em um ônibus em Nova Délhi provocou grandes protestos em várias partes do país, em uma mobilização sem precedentes pelos direitos das mulheres.
Jyoti Singh Pandey morreu em decorrência da agressão sofrida em Nova Délhi. Da mesma forma que Anene Booysen, que morreu depois de ser estuprada e mutilada por um grupo de homens e largada perto de um prédio em Bredasdorp, nos subúrbios da capital legislativa sul-africana, a Cidade do Cabo. Ela foi encontrada na manhã seguinte, no último sábado, por um segurança local. Antes de morrer no hospital para onde foi levada, a jovem identificou seu ex-namorado como um dos agressores. Os funcionários do hospital que a atenderam tiveram que receber apoio psicológico depois do caso. O ex-namorado e um outro homem já foram presos, segundo a polícia.
Agora, o caso é comparado ao caso da estudante indiana. “Quando um incidente muito parecido aconteceu recentemente na Índia, houve uma revolta e protestos em massa nas ruas. Nós devemos mostrar que os sul-africanos não estão menos indignados com esse tipo de crime e fazer protestos tão grandes quanto”, disse Patrick Craven, porta-voz do Congresso de Sindicatos da África do Sul.
“A nação inteira está revoltada com essa violação extrema e destruição de uma vida humana. Essa ato é chocante, cruel e sobretudo desumano. Nós não devemos permitir nos acostumarmos a essas atrocidades contra nossas mulheres e crianças”, disse o presidente Jacob Zuma. Representante tradicional do clã zulu, Zuma tem três mulheres e 21 filhos. Ele mesmo já foi absolvido de uma acusação de estupro em um julgamento, segundo o Guardian.
“Nós não precisamos de um debate, precisamos de ação”, disse ao Guardian Dumisani Rebombo, que estuprou uma colega de escola quando tinha 15 anos, em 1976, e hoje é um ativista em direitos das mulheres. “Minha opinião é que mais pessoas precisam dizer basta. Não precisamos de mais recomendações. Precisamos de educação”.
Entre 2010 e 2011, foram denunciados 56.272 estupros na África do Sul, aproximadamente 154 por dia, o dobro da taxa na Índia. Porém, para a presidente do Conselho de Medicina sul-africano, Rachel Jewkes, que pesquisa o assunto há 20 anos, a comparação entre os dois países é inválida. “Em vários sentidos as relações de gênero na Índia são piores do que aqui. Eu vi líderes religiosos na Índia culpando as vítimas, pelo menos superamos isso na África do Sul. Mas os dois países tem grandes problemas para combater a questão”.
Acesse em PDF: África do Sul: estupro coletivo de jovem causa indignação (Veja – 07/02/2013)