(Folha.com/UOL) O Ministério Público do Estado de São Paulo pediu a abertura de inquérito policial contra o humorista Rafinha Bastos, do programa CQC, da TV Bandeirantes, pelas declarações sobre estupro registradas em apresentações de stand-up e em entrevista publicada na edição de maio da revista Rolling Stones. O humorista disse: “Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra caralho. Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus”.
A promotora de Justiça Valéria Diez Scarance Fernandes, coordenadora do Núcleo de Combate à Violência Doméstica e Familiar da Capital, diz no ofício enviado ao Departamento de Polícia Judiciária de Capital (DECAP) que Bastos compara o estupro a “uma oportunidade” para determinadas mulheres, e o estuprador, a um benfeitor, digno de “um abraço”.
“O estupro é um crime. O estuprador é um criminoso que deve ser punido e não publicamente incentivado”, diz Valéria em comunicado que está no site do Ministério Público. “Dessa forma, [é] imperiosa a instauração de inquérito policial para a apuração dos fatos.”
O comediante, que é também o apresentador do programa “A Liga”, da Band, foi eleito a pessoa mais influente do Twitter, em pesquisa divulgada em março pelo jornal “The New York Times”.
Nota de repúdio
Em junho, o Conselho Estadual da Condição Feminina de São Paulo, órgão institucional formado por representantes da sociedade e do poder público, divulgou nota de repúdio contra o humorista Rafinha Bastos. “A liberdade de expressão, direito previsto constitucionalmente, encontra limite quando em choque com outro direito, que é o da dignidade da pessoa humana, que está acima de qualquer outro”, dizia a nota. “No caso, estamos a falar da dignidade da mulher, do direito assegurado internacional e nacionalmente de não ter sua imagem estereotipada, bem como ter o direito à escolha de com quem manter relação sexual.”
Humor deve ser livre, mas sujeito a críticas, diz cartunista
Em debate na 9ª Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), o cartunista Laerte falou sobre os limites da piada: “O humor se serve de preconceitos e deve ser livre, mas nem por isso está acima da crítica”. E acrescentou: “Quando o Rafinha Bastos [do CQC] tuíta que mulher feia tem de agradecer se for estuprada, é de uma crueldade sem tamanho. Ele falou merda sob qualquer ponto de vista e tem de ouvir as reações a isso.”
“Faço o meu trabalho”, diz Rafinha Bastos
Leia essas matérias na íntegra:
MP pede abertura de inquérito contra Rafinha Bastos por suposta apologia a estupro; humorista não comenta (UOL – 07/07/2011)
Rafinha Bastos pode ser investigado por piada sobre estupro (Folha.com – 07/07/2011)
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