(Jornal do Senado) Na audiência que a CPI sobre Tráfico de Pessoas fez ontem em Manaus, Paulo Davim (PV-RN), Lídice da Mata (PSB-BA) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) criticaram o delegado Elcy Barroso, do distrito de Iranduba, que disse desconhecer qualquer caso ou suspeita de tráfico humano.
O jornal A Crítica noticiou que uma adolescente teria sido convidada a trabalhar em Manaus. Ao chegar, foi forçada a prestar serviços numa casa de encontros sexuais, de onde fugiu.
Segundo o delegado, a vítima disse que não foi forçada a viajar. Isso, na interpretação dele, não caracteriza crime de tráfico humano. Davim lamentou a afirmação e disse que o delegado “está longe da realidade que o Brasil vive”.
Lídice, relatora da CPI, argumentou que o tráfico não se caracteriza por viagem forçada, já que muitas pessoas aceitam viajar enganadas por falsas promessas.
— Esse depoimento mostra total despreparo das autoridades policiais — disse.
Vanessa, presidente da CPI, acrescentou que o tráfico de pessoas é real e invisível.
— Esse crime é de difícil diagnóstico porque há pessoas como o delegado Barroso, que minimizam a situação.
O segundo caso abordado na audiência foi o da travesti Bruna Amaral, aliciada sexualmente em São Paulo.
— Uma travesti chamada Eva me ligou e me prometeu emprego e cirurgias plásticas. Ao chegar, percebi que tinha virado vítima de uma quadrilha — disse Bruna.
Vanessa se comprometeu em ajudá-la com o Programa Pró-Vida e afirmou que a CPI vai solicitar ao Ministério da Justiça um curso de capacitação para autoridades.
Ao ouvir o representante da Secretaria de Justiça do Amazonas, Cristiano Chíxaro, a senadora aprovou a iniciativa de criar o Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico Humano e postos avançados de atendimento ao migrante.
Acesse em pdf: Em Manaus, senadores criticam delegado que minimiza crimes e nega existência de tráfico humano (Jornal do Senado – 10/12/2012)