(O Estado de S. Paulo) O jogo “vai ser sujo” no dia 6 de junho, data em que Dominique Strauss-Kahn, ex-diretor do FMI e ex-futuro candidato favorito a presidente da França, retorna ao tribunal para ser arrolado formalmente, alerta a jornalista Lúcia Guimarães.
“Não é preciso bola de cristal para prever uma campanha para atacar a credibilidade da imigrante da Guiné. Mesmo com rumores de DNA positivo, os casos de estupro sem testemunhas acabam decididos na queda de braço do “ele disse, ela disse”.”
Misoginia, racismo e sensacionalismo
Para a jornalista, “ninguém sabe o que aconteceu no quarto número 2.086 do hotel da Rua 44. Mas o que ocorreu depois inclui um desfile de misoginia, racismo, sensacionalismo, elitismo e populismo que vai deixar marcas”.
“Assim como a professora Anita Hill, em 1991, não impediu a ascensão do medíocre juiz Clarence Thomas à Suprema Corte americana, mas provocou uma redefinição do que constitui assédio sexual, dificilmente o status quo será mantido na França, ainda que a equipe milionária de advogados contratada por Dominique Strauss-Kahn consiga prevalecer sobre a arrumadeira de 32 anos.”
“Fico insultada quando um editor francês sofisticado como Jean-François Kahn desmerece a acusação contra seu compatriota homônimo dizendo que foi só uma rápida troussage de domestique, ou seja uma “transadinha” com a empregada.”
“Fico impressionada com o mau gosto dos jornalistas europeus e americanos que compararam o alegado estupro em Manhattan com um metafórico estupro do Terceiro Mundo pelo FMI. O suposto estuprador literal do FMI era saudado como o antiestuprador metafórico – comprou briga com a Alemanha para pegar leve com a Grécia e criticou agressivamente os clepto-banqueiros americanos.”
Leia o artigo na íntegra: Involução francesa, por Lúcia Guimarães (O Estado de S. Paulo – 30/05/2011)