Repressão às mulheres na Rússia chega ao ponto de, para ser comprovada a agressão, é preciso ter osso quebrado
(UOL, 24/06/2018 – acesse a íntegra no site de origem)
Uma liberdade distante (para elas)
Elas sorriram nos vídeos e, com jeito ingênuo, repetiram palavras ofensivas que rodaram o planeta. Vulneráveis, as russas assediadas na Copa do Mundo ganharam a solidariedade de milhões de brasil. Mas essa é a só a ponta do iceberg de uma dura realidade dessas mulheres que ainda não conseguem dar o seu grito de liberdade, mesmo com o movimento feminista invadindo a Copa com o basta ao assédio.
Elas ainda são reféns de uma sociedade conservadora em que bater é sinônimo de amar e não têm proteção. Em 2017, uma lei que descriminalizou a violência doméstica foi aprovada – pelo congresso russo e aprovada por Vladimir Putin – e agora maridos agressivos só vão para a prisão se deixarem marcas a ponto de quebrarem ossos de suas mulheres.
Os números já alarmantes só vêm crescendo. O país mata 14 mil mulheres por ano por violência doméstica e uma mulher é assassinada a cada 40 minutos.
E é esse mesmo país tão contraditório que vê na figura da mulher uma grande força no trabalho. As russas hoje estão inseridas nas grandes empresas. São executivas, empresárias, empreendedoras, mas quando chegam em casa estão submetidas à possibilidade de sofrerem a violência de homens abusivos.
A Copa permitiu a chance de as russas gritarem contra a opressão e o assédio. Mas essa liberdade ainda pode estar bem distante.