Na Universidade de Brasília (UnB), a Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e a ONU Mulheres realizaram ao final de junho (29) uma oficina sobre igualdade de gênero e os direitos das mulheres. Formação foi voltada para pessoas refugiadas e migrantes e reuniu cerca de 40 pessoas. Iniciativa foi realiza em parceria com o Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH).
(ONU Brasil, 06/07/2017 – acesse no site de origem)
Durante o curso, participantes foram divididos em grupos de homens e mulheres e foram estimulados a debater sobre papéis de gênero e sobre aspectos da sociedade brasileira.
Durante a dinâmica, ficou claro que muitos desconheciam o fato de que, no Brasil, mulheres recebem menos do que homens para desenvolver a mesma função. Por outro lado, 90% dos presentes já conheciam a Lei Maria da Penha e concordaram com a importância que a legislação tem na proteção da violência contra a mulher.
Beatrice veio de Gana, é solicitante de refúgio no Brasil e está no país há oito meses. Ela estava entre a pequena parcela de participantes que não sabiam da existência da Lei Maria da Penha.
“Como mulheres, estamos expostas a muitas formas de violência, todos os dias, em nossa vizinhança, na rua, em nossas próprias casas. É bom saber como podemos nos proteger”, disse.
No Brasil, conforme os dados do último relatório do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), 32% das 10.038 solicitações de refúgio apresentadas no ano passado foram feitas por mulheres no ano passado.
Quando as agências da ONU e o IMDH começaram a elaborar o workshop, a expectativa era de que as mulheres fossem o público predominante. Porém, os debates surpreenderam não apenas por uma massiva presença masculina, como também pelo interesse demonstrado pelos homens sobre o assunto.
Para Amanda Lemos, assessora de comunicação da ONU Mulheres, essa integração entre homens e mulheres é muito importante para debater as disparidades de gênero. A especialista acredita que, ao ter acesso a opiniões divergentes, os homens podem conhecer diferentes realidades e se transformar em agentes em prol da igualdade.
A diretora do IMDH, Irmã Rosita Milesi, defendeu o diálogo tanto entre homens e mulheres, quanto entre culturas diferentes. Ela afirmou receber com frequência relatos de mulheres que omitem atos de violência para não expor seus familiares ou porque se sentem constrangidas.
Para Rosita, iniciativas como o workshop podem ser um primeiro passo para alterar essa dinâmica, criando oportunidades para que homens e mulheres possam construir uma nova cultura de convivência e compreensão mútua.
Um dos pilares de atuação do ACNUR na prevenção e no combate à violência de gênero é o engajamento de homens e meninos no tema, sobretudo porque cerca de 70% dos refugiados reconhecidos no Brasil são do sexo masculino. Pensando nisso, a Agência lançou em 2016 a publicação Avante!, que tem por objetivo fazer com que refugiados e solicitantes de refúgio residentes no país possam entender a legislação nacional sobre o tema.
Ao fim da oficina, as equipes das três organizações parceiras distribuíram cartilhas informativas sobre os direitos das mulheres para todos os participantes.