O argentino Manuel Vallejos foi declarado culpado de assassinar sua namorada, Chiara Páez, de 14 anos
(El País, 09/09/2017 – acesse no site de origem)
A argentina Chiara Páez tinha 14 anos e estava grávida quando desapareceu, em 10 de maio de 2015. O corpo foi encontrado dias depois na casa dos avôs do seu namorado, Manuel Vallejos, então com 16 anos. Havia sido assassinada a pauladas e enterrada no jardim da casa, em Rufino, 450 quilômetros ao oeste de Buenos Aires. O feminicídio09 de Páez gerou uma grande comoção e um grupo de jornalistas e escritoras começou a se manifestar sob o lema “Nem Uma A Menos”. A convocação viralizou e a marcha contra a violência machista daquele 3 de junho reuniu multidões. Dois anos e três meses depois, Vallejos acaba de ser condenado pela Justiça a 21 anos de prisão.
A família comemora a decisão do juiz de Menores, Javier Pardo, mas espera que também sejam condenados os avôs de Vallejos, a mãe e seu companheiro no caso que está nas mãos da Justiça comum. O pai de Chiara, Fabio Páez, está convencido de que o adolescente não agiu sozinho e precisou de ajuda para cavar um buraco, arrastar o cadáver de sua namorada até ali e enterrá-lo. O condenado nega qualquer participação da família.
A autópsia revelou que a menor havia sido golpeada até a morte. Além disso, as perícias detectaram restos de um remédio abortivo no sangue.
O feminicídio de Páez desencadeou uma mobilização sem precedentes na Argentina contra a violência machista. O movimento Nem Uma A Menos colocou os feminicídios na agenda política e conseguiu, pela primeira vez, que o Estado difundisse estatísticas públicas. Em média, uma mulher é assassinada a cada 30 horas no país.
Desde 2015, em todo 3 de junho repetem-se na Argentina marchas com grande adesão para exigir o fim de todo tipo de violência contra a mulher. Nem Uma A Menos cruzou fronteiras e foi replicada em diferentes países da América Latina, como Chile, Uruguai, Equador e outros.