Cerca de 30% das moradoras das capitais já sofreram agressões; estudo também mostra que o ciclo da violência começa cedo e impacta as gerações futuras; uma mulher morre no Brasil a cada duas horas.
(Rádio ONU, 09/12/2016 – acesse no site de origem)
Estudo apoiado pelo Banco Mundial, divulgado na quinta-feira, revela que 30% das moradoras das capitais do Nordeste do Brasil já foram agredidas pelo menos uma vez na vida por parceiros ou ex-parceiros.
Além disso, 10% haviam sofrido violência nos 12 meses anteriores ao levantamento.
Episódios
A pesquisa foi realizada pela Universidade Federal do Ceará em parceria com o Instituto Maria da Penha e o Instituto para Estudos Avançados de Toulouse, Iast, da França. Além do Banco Mundial, a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres apoiou a realização do trabalho.
A Pesquisa de Condições Socioeconômicas e Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher foca nas agressões física, emocional e sexual.
Quando se analisam somente os episódios registrados nos últimos 12 meses, Maceió, Recife e Aracaju são as cidades com maior incidência do problema. Salvador, Natal e Fortaleza, por sua vez, são as capitais com piores indicadores de violência física ao longo da vida.
Infância
O professor José Raimundo Carvalho, da Universidade Federal do Ceará, coordenou a pesquisa. Ele explica que os números serão usados para a criação de uma base de dados com o objetivo de planejar respostas mais eficazes ao problema.
“Ela é a primeira iniciativa na América Latina para se desenvolver uma base de dados representativa e longitudinal que vai dar a possibilidade de cientistas sociais fazerem pesquisas de ponta na área de violência doméstica. É uma base de dados acompanhando 10 mil mulheres. Nós vamos acompanhar essas 10 mil mulheres por dois ou três anos. Nós vamos analisar essa base de dados e propor políticas inovadoras e eficazes na área de violência doméstica”.
Atualmente, as agressões causam a morte de uma mulher no Brasil a cada duas horas, segundo o Mapa da Violência.
O estudo também mostra que o ciclo de violência começa cedo e impacta as gerações futuras.
Segundo a pesquisa, 21% das moradoras das capitais nordestinas sabem que as mães já foram agredidas fisicamente. Já 12,3% informaram que seus parceiros ou ex-parceiros tiveram conhecimento, durante a infância, de violências físicas cometidas contra suas mães.
Mariana Ceratti