Bullying traumatiza tanto quanto abuso sexual, diz pesquisa

07 de setembro, 2016

Entre os participantes da pesquisa que sofriam de depressão, ansiedade e estresse pós-traumático, o bullying era uma constante maior que qualquer outra forma de trauma.

(Super Interessante, 07/09/2016 – acesse no site de origem)

É melhor os pais da turminha de Stranger Things ficarem de olho no amadurecimento dos meninos: as consequências emocionais do bullying na escola são ainda piores do que se imaginava.

Não é novidade que quem é vítima da provocação persistente, assim como Dustin, Mike, Will e Lucas na série, tem mais chances de desenvolver depressão, ansiedade e estresse pós-traumático. Mas agora um estudo mostra que bullying causa mais desses distúrbios do que agressões consideradas mais graves, como abuso sexual. E mais: essa tendência persegue a pessoa por muito tempo, pelo menos até a faculdade.

A pesquisa é da Universidade de Illinois, nos EUA, e reuniu os depoimentos de 480 alunos da graduação da faculdade, de diferentes cursos e semestres – metade homens, metade mulheres, de etnias e origens sociais diversos.

Os pesquisadores perguntaram aos participantes sobre as experiências traumáticas que eles haviam sofrido desde o nascimento até os 17 anos – incluindo bullying, cyberbullying e crimes como violência doméstica e abuso sexual. “Bullying”, no estudo, foi definido não só como uma brincadeira boba entre crianças, mas como um conjunto de ameaças violentas, pressão psicológica, violência física e exclusão social. Os estudantes também precisavam relatar se tinham, no presente, algum tipo de problema psicológico, como ansiedade, depressão ou estresse pós-traumático.

Nos resultados, uma surpresa: entre as pessoas que afirmavam ter algum desses problemas, grande parte tinha sido vítimas de bullying na infância. Dos que sofriam de depressão, por exemplo, 19% relataram terem passado por algum bullying, enquanto só 0,2% afirmaram ter sofrido violência doméstica e 0,8% violência sexual por adultos. No caso de quem tinha ansiedade, a proporção se manteve: 12% diziam ter sofrido provocações na infância, 0,2% passaram por violência doméstica e 0,5% por abuso sexual.

A conclusão foi que os participantes que tinham sofrido as provocações persistentes nos primeiros estágios da vida desenvolveram mais doenças mentais associadas a experiências traumáticas do que todos os outros, inclusive os que tinham passado apenas por traumas diferentes do bullying.

Helô D’Angelo 

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