(G1, 02/06/2016) Menina de 10 anos sofreu abusos de vizinho, em Campo Grande.
Suspeito está livre e envia mensagens de ameaça para mãe da vítima.
Há um ano, um outro caso de estupro vem angustiando uma família do Rio de Janeiro, como mostra o RJTV desta quinta-feira (2). A vítima é uma menina de 10 anos. A família denunciou o caso na delegacia, mas até hoje a agressão não foi julgada. Além disso, o suspeito segue entrando em contato com a família para fazer ameaças.
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A mãe conta que no dia 30 de maio de 2015, ela e a filha de 10 anos conversavam com amigos no portão de casa em Campo Grande, na Zona Oeste. A menina entra em casa para beber água e demora muito a voltar. A mãe conta que sentiu um aperto no peito e entrou correndo em casa, a tempo de flagrar o vizinho de 57 anos, abusando da menina. “Quando cheguei na cozinha, flagrei ele por cima dela. Fiquei desesperada, na hora”, contou a mãe.
A polícia foi chamada, e chegou poucos momentos depois. Segundo a mãe, porém, o policial queria que ela fosse no mesmo carro que ele durante o trajeto. “A polícia chegou e já colocou ele dentro da viatura. E me perguntaram se eu me incomodaria de ir na mesma viatura com ele. Eu falei e aí foi acionada uma segunda viatura”, lembrou a mãe.
Ela prestou queixa, contou tudo o que aconteceu e a menina foi levada para o Hospital Rocha Faria, na Zona Oeste do Rio, mas não havia médico especialista. A menina foi atendida numa Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e depois no Instituto Médico Legal (IML). Elas voltaram para a delegacia e depois de seis horas foram liberadas. E o agressor também.
O boletim de ocorrência não foi assinado por um delegado, segundo a mãe, porque era um sábado e ele não estava na delegacia. “Fui aconselhada pelo próprio comissário de polícia que era para levar ela ao IML três dias depois. Eu falei, vou levar ela o mais rápido possível. Quando iniciei o registro de ocorrência falando do ocorrido enfim, ele dizia para mim, isso eu só tinha que falar isso quando fosse instalado o inquérito. Aí ele falava: ele vai ser solto, ele não vai ficar preso. Aí a minha filha começou a chorar.
Voltando da delegacia, naquele mesmo dia, mãe e filha foram ameaçadas pelo homem quando chegavam em casa. Com medo a família se mudou, se afastou dos amigos, a menina teve que ser transferida para outra escola. O homem, que está solto até hoje, vive tranquilo, no mesmo lugar.
Ameaças
As ameaças não pararam por aí. Por mensagem de texto o homem escreveu : “Falei que você ia dar mole, estou a um passo de você. Você está de onça e sua filha de mochila vermelha…”
Em outra mensagem, ele diz: “Assim que descobrir sua casa vou deixar um presente pra você. Aí você vai pra polícia novamente para eles rirem”.
A mãe procurou a polícia outra vez. Registrou queixa de ameaça na Delegacia de Atendimento a Mulher (Deam) de Campo Grande. Procurou também a Corregedoria da Polícia. Num relatório aparece que o vizinho já tinha outras duas passagens na polícia, uma por atentado violento ao pudor e outra por roubo.
A menina, vítima, nunca foi ouvida. O caso está na justiça, mas até hoje não houve audiência. Com base nas denúncias o Ministério Público pediu a prisão do suspeito, mas o pedido foi negado.
A menina, agora com 11 anos, é tímida, fala pouco. Vai à psicóloga duas vezes por semana e por muito tempo queria dormir embaixo da cama para se proteger. A mãe luta sozinha todos os dias para tentar esquecer a cena de violência. E chora de revolta por esse homem nunca ter sido preso.
“É difícil, é uma dor que sinto até hoje. A minha filha depois desse dia, nunca mais voltou a ser a mesma criança que ela era. E o que dói mais, é que ele está impune, ele está impune”, lamenta a mãe.
O caso está registrado na 35ª DP (Campo Grande) como estupro de vulnerável sem flagrante. A polícia diz que seguiu os protocolos, encaminhou a vítima para atendimento médico e depois para o IML, mas não explicou porque o comissário disse para ela procurar o IML somente três dias depois.
A polícia diz ainda que se a viatura tiver uma caçamba, o suspeito vai atrás, e a vítima e o parente, na frente. Como não era o caso, foi chamada uma segunda viatura. O Ministério Público já encontrou com novo pedido de prisão preventiva do suspeito, e isso deve ser julgado no dia 23. O caso corre em segredo de Justiça.
Somente no ano passado o Ministério Público denunciou à justiça 742 ações de estupro de crianças e adolescentes. Desde junho de 2015 todas as crianças vítimas de abuso no Rio devem encaminhadas para um centro que funciona no Hospital Souza Aguiar, no Centro do Rio. Lá, além de todos os exames, os profissionais fazem o chamado depoimento sem dano para evitar mais traumas.
Acesse no site de origem: Caso de estupro de menina ocorrido em 2015, no Rio, ainda não foi julgado (G1, 02/06/2016)