Aplicativo de ônibus ganhou botão de pânico que permite à vítima avisar à central de controle e à polícia que está sendo atacada.
(Jornal Nacional, 08/03/2018 – acesse no site de origem)
No Dia Internacional da Mulher, uma reportagem, que mostra uma agressão que envergonha o país. Na maior metrópole brasileira, de cada quatro cidadãs, uma já foi vítima de assédio sexual no transporte coletivo.
Ponto cheio. Ônibus lotado. E os transtornos continuam depois de entrar no transporte público.
“Minha blusa estava levantada. De repente, eu senti uma coisa. Na hora eu olhei assustada e o cara estava passando a mão, enfiando a mão por trás”, diz a assistente administrativa Yara Araújo da Silva.
Em São Paulo, os casos de abuso sexual acontecem com mais frequência dentro do transporte público. É o que mostra uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (8). Uma em cada quatro mulheres já sofreu esse tipo de violência dentro do ônibus, do trem, do metrô. Muitas vítimas acabam não denunciando o assédio. Preferem o silêncio porque se sentem envergonhadas.
“Há como a gente resolver isso. Isso que é importante. Campanhas educativas para a sociedade, população, para os homens, para as próprias mulheres saberem que podem recorrer, que podem e devem denunciar. É algo que a sociedade e a cidade poderiam avançar”, afirma Jorge Abrahão, coordenador geral da Rede Nossa São Paulo.
Algumas cidades estão usando a tecnologia para combater esse tipo de abuso dentro do transporte público. Em Guarulhos, na Grande São Paulo, o aplicativo de ônibus já usado pelos passageiros ganhou uma nova função nesta quinta: um botão de pânico.
O usuário aciona o local onde ele está, se identifica. Clicando em um botão, ele chega em um menu de opções, clica em incidente grave, depois em assédio sexual e envia. A mensagem chega imediatamente em uma central de controle, que aciona a polícia.
“Através do GPS já é identificado o veículo, e dentro dessa central, há essa articulação eletrônica e de comunicação para encontrar o veículo e combater essa violência”, explica Oscar Kaari, diretor do departamento de Transporte de Guarulhos.
É a tecnologia tentando reduzir uma agressão que ainda está muito disseminada.
“Você tem que ficar se desviando, é muito chato. Eu evito pegar trem por isso. É mais rápido, mas sempre tem alguém atrás e você nunca sabe se é na maldade ou se é pelo ônibus que está cheio. Complicado”, diz a vendedora Adriana Nunes da Silva.