Com hashtag que diz: “meu trabalho não deve incluir abuso”, modelos começaram movimento na internet contra violência sexual da indústria
(Marie Claire, 13/10/2017 – acesse no site de origem)
Depois do escândalo de casos de assédio sexual encobertos envolvendo o produtor de Hollywood Harvey Weinstein, foi a vez de grandes modelos se abrirem sobre o abuso na indústria da moda.
A top e ativista americana Cameron Russell foi a responsável por começar a campanha, com publicação feita no Instagram na noite da última quinta-feira (12.10). Com um print de tela contando a história de uma modelo que não quis revelar seu nome, Cameron chamou outras garotas da indústria para denunciarem e dividirem suas experiências.
Traduzido, o relato conta: “Olá Cameron, obrigada pela sua resposta. O nome do fotógrafo é [escondido], ele tem uma conta no Instagram de mesmo nome. Eu fui mandada por [escondido] para um teste de fotos com ele aos 15 anos. Minha mãe foi comigo e esperou em outra sala. Ela não tinha ideia que ele estava pondo o dedo em minha vagina várias vezes enquanto tirava fotos minhas dizendo que isso faria com que as fotos ficassem mais sensuais. Para uma menina de 15 anos. [Escondido], ela disse: não tenha medo e grite por todo meio de comunicação possível e eu desejo que eu tivesse sido essa pessoa corajosa”.
Na publicação, Cameron escreveu texto econrajando mais modelos a falarem sobre assédio e começou uma campanha com a hashtag #MyJobShouldNotIncludeAbuse.
“Uma modelo corajosa (e amiga) me veio com sua história hoje. Ela pediu para permanecer anônima, mas pediu que eu compartilhasse suas palavras aqui porque o fotógrafo ainda trabalha na indústria. Ela quer incentivar outras mulheres a falarem.
Precisamos de uma maneira de começar a romper o silêncio enquanto permanecemos protegidas. Não estamos falando de um, cinco ou mesmo vinte homens. Estamos falando de uma cultura de exploração e isso deve parar. SE VOCÊ GOSTARIA COMPARTILHAR SUA HISTÓRIA ANONIMAMENTE, ME MANDE UMA MENSAGEM DIRETA e eu publicarei suas palavras. Se você gostaria de compartilhar publicamente use a hashtag #MyJobShouldNotIncludeAbuse para que a indústria veja o tamanho e alcance desse problema.
Ouvir sobre #harveyweinstein esta semana provocou conversas sobre o quão generalizado e quão familiar é seu comportamento.
Falamos sobre o quanto é difícil compartilhar histórias de assédio. Quando eles são a norma, reprimí-los pode ser perturbador e pouco profissional. Em muitas ocasiões, fui chamada de feminista por relatar toques indesejados, tapas, beliscões, pressão para sair em encontros, telefonemas e mensagens de texto de natureza sexual, falta de áreas para troca de roupas apropriadas, etc. E porque a resposta sempre foi “você está surpresa?” ou “isso é parte do trabalho”, eu as tolerava. Quando as ofensas são maiores, reprimí-las é aterrorizante e exige um nível de exposição e reação ao que já é doloroso e às vezes constrangedor.
#MyJobShouldNotIncludeAbuse”, escreveu Cameron.
Na sequência, diversas modelos (incluindo modelos masculinos) escreveram para Cameron, que prontamente postou os relatos na sua conta de Instagram. As histórias contam tentativas de assédio, investidas indesejadas e chantagem que vêm sempre acompanhadas pelas máximas: “isso é normal”, “todo mundo faz isso”.
A angel e modelo portuguesa Sara Sampaio também apoiou a causa e repostou a mensagem de Cameron e incluiu: “Isso só vai parar quando nós tomarmos uma atitude. Eu apoio Cameron Russel”.