MPSP lança campanha Trabalho Sem Assédio Sexual

12 de julho, 2018

 O lançamento marca o início de funcionamento dos novos canais de denúncia de assédio sexual dentro do Ministério Público do Estado de São Paulo, além da conscientização de promotores de Justiça e servidores sobre a importância do respeito no ambiente de trabalho.

(Agência Patrícia Galvão, 12/07/2018)

Lançamento da Campanha Trabalho Sem Assédio Sexual na sede do MPSP (Foto: Fabiana Paes)

Após o lançamento, a promotora de justiça Silvia Chakian, integrante do Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (Gevid) do MPSP e uma das idealizadoras da Campanha, concedeu entrevista exclusiva para a Agência Patrícia Galvão. Confira:

Sobre a importância da iniciativa
Implementar estratégias de prevenção do assédio nas relações de trabalho dentro do Ministério Público – que não está obviamente inume a esta questão que não é um fenômeno do Brasil, mas é mundial – demonstra uma preocupação verdadeira com a necessidade de ampliar a percepção e a conscientização sobre as múltiplas formas de discriminação contra as mulheres. Nesse sentido, essa iniciativa busca evidenciar a gravidade, perversidade, persistência e, principalmente, a capilaridade dessa violência e dessa discriminação nas mais diversas esferas – não somente da porta da nossa instituição para fora, que é como costumamos trabalhar tradicionalmente – e também a necessidade de olhar para as muitas características dessa violência e dessa discriminação, que vão das mais escancaradas às mais sutis, e a magnitude das suas consequências, inclusive dos impactos na saúde psíquica e no desenvolvimento do potencial de trabalho das vítimas.

Leia mais: Pesquisa expõe 800 casos de assédio sexual no Banco Mundial (Folha de S.Paulo, 13/07/2018)

Campanha do MPSP quer dar um basta à impunidade
A discriminação contra a mulher de uma forma geral está relacionada a um fenômeno sociocultural que sempre foi justificado por um histórico de dominação do homem em relação à mulher e que, infelizmente, sempre contou com o estímulo da impunidade, da indiferença da sociedade e das próprias instituições, inclusive do Ministério Público. De todas as instituições, nenhuma está imune.

A Campanha busca combater essa normalização do assédio nas relações de trabalho, a banalização desse tipo de discriminação. Lembrando que quando se fala em assédio sexual não estamos falando de desejo sexual, mas sim de uma relação de poder. A Campanha busca, portanto, a conscientização das mulheres e de todos no ambiente de trabalho sobre os conceitos relacionados às raízes da violência de gênero e de comportamentos que não são piadas, que não são gracejos ou gentilezas, que são assédio.

Criação de um fluxo de escuta preparado para acolher, orientar e adotar providências
Em especial, busca conscientizar os homens sobre o fato de que esse comportamento, que sempre foi naturalizado e não interpretado como violência, é de fato uma violência, porque a violência é uma categoria em construção. O que antes não víamos como assédio hoje se tem essa consciência. Então, é preciso conscientizar os homens para o fato de que essas cantadas e essas piadas são formas de assédio e criar fluxos bem definidos de escuta adequada, a partir de profissionais capacitados para ouvir de fato, acolher, orientar e adotar providências para a minimização das consequências e impactos dessa violência para as vítimas.

Uma Campanha para estimular a defesa da dignidade e da cidadania
A Campanha pretende também estimular a conscientização de todos os que integram o ambiente de trabalho e desempenham funções dentro do Ministério Público, lembrando que o enfrentamento da discriminação no ambiente de trabalho é uma questão de luta pela dignidade, por cidadania, por democracia e por liberdade de todos os que o integram.

A Campanha é um chamado para que todos assumam uma postura colaborativa e responsável por um ambiente de trabalho saudável, reforçando sempre a ideia de que não há território neutro quando se toma conhecimento de uma discriminação, porque se omitir é escolher um lado, e esse lado é de quem oprime.

O mundo evoluiu, que bom que evoluiu. E aqui cito uma frase do sociólogo Edgar Morin, que diz: “não se pode reformar a instituição sem uma pré-reforma das mentes, mas também não se pode reformar as mentes sem uma pré-reforma das instituições”.

Clique nas miniaturas para ver as peças da Campanha:

 

 

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