Pesquisadora considera que denúncias e mídia influenciam percepção da violência contra a mulher

08 de agosto, 2013

waniapasinato2 usp(Luciana Araújo/Portal Compromisso e Atitude) Procurada para falar sobre os resultados da pesquisa “Percepções sobre violência e assassinatos de mulheres”, a socióloga Wânia Pasinato avalia que os resultados estão “muito influenciados” pela maior repercussão das denúncias de agressões sexistas. “A sociedade está menos tolerante à prática dessa violência e começa a reconhecer que isso não pode acontecer. E a mídia também passa a mostrar a severidade dessa violência de uma forma não sensacionalista. Porque temos ainda em alguns veículos um sensacionalismo, mas a própria mídia passou a tratar isso de uma maneira mais séria, mostrando que a Justiça precisa agir, que há uma lei”, disse. Wânia Pasinato é socióloga, pós-doutoranda do Núcleo de Estudos de Gênero PAGU da Unicamp e pesquisadora sênior do Núcleo de Estudos da Violência da USP.

A pesquisa apontou que 70% dos entrevistados acreditam que a mulher sofre mais violência dentro de casa do que em espaços públicos, e que metade da população considera que as mulheres se sentem mais inseguras dentro de casa. Como você avalia essa percepção?
Wânia Pasinato – Penso que essa percepção está muito influenciada pelo processo de denúncias da violência contra a mulher no Brasil. Desde os anos 1980, as denúncias e estudos têm falado muito mais da violência que ocorre no âmbito familiar, nas relações conjugais e afetivas, do que da violência que ocorre no espaço público. Essa violência se tornou paradigmática quando falamos da violência contra a mulher no Brasil. Ao falar em violência contra a mulher de forma genérica, imediatamente pensamos na violência nas relações conjugais, no ambiente doméstico, espaço do lar. Essas categorias acabam sendo usadas como sinônimos. E fica de fora a violência que as mulheres sofrem nas outras relações que estabelecem e no espaço público. E também aquela violência que ocorre entre mulheres e seus parceiros afetivos que não são seus companheiros, maridos, que não são reconhecidos como um casal. A gente vê a dificuldade de reconhecer a aplicação da Lei Maria da Penha nos casos que envolvem namorados, porque se considera que, se não existe a intimidade da convivência no espaço doméstico, então não seria aplicável a Lei. Essa é uma das dificuldades que a gente tem em função da formulação que foi feita da categoria da violência doméstica. E penso que essa percepção está muito influenciada também pela mídia.

Leia a íntegra no Portal da Campanha Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha: 

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