Iniciativa do Sistema Jornal do Commercio monitora casos de feminicídio registrados em Pernambuco ao longo de 2018
(JC Online, 28/06/2018 – acesse no site de origem)
O projeto #UmaPorUma, que está monitorando os casos de feminicídio registrados em Pernambuco ao longo de 2018, foi um dos destaques da abertura do 13º Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), um dos principais eventos de mídia e tecnologia do País. O projeto do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC) – que mistura jornalismo de dados com relatos emocionantes, além de acompanhamento do desdobramento dos casos – foi apresentado pelas coordenadoras da iniciativa, a repórter especial do JC Ciara Carvalho e a assistente de edição do NE10 Julliana de Melo.
As duas lideram uma equipe de 29 mulheres de todo o SJCC (que além do NE10 e JC, também é composto pela TV Jornal e pela Rádio Jornal), que colhem os relatos e acompanham seus desdobramentos. A designer Karla Tenório é responsável pelo projeto gráfico do impresso e faz parte da equipe de designers do especial multimídia. O projeto tem ainda a participação de alguns homens do sistema, como o ilustrador Ronaldo Câmara, os designers Bruno de Carvalho e Moisés Falcão e o estatístico Diogo Azevedo.
Ciara e Julliana relataram os bastidores do projeto no painel “Mulheres, violência e a sensibilidade para contar as histórias”, realizado no auditório da Universidade Anhembi Morumbi, na abertura do Congresso da Abraji, na manhã desta quinta (28). Elas dividiram o palco com Carolina Oms e Amanda Célio, da revista As Mina, que realizou uma ampla reportagem sobre exploração sexual de crianças e adolescentes nas estradas de Minas Gerais. O debate foi mediado pela jornalista Débora Prado, do Instituto Patrícia Galvão.
Além das estatísticas
“Nós queremos contar as histórias dessas mulheres, não ficar só nas estatísticas”, explicou Ciara. “É um projeto de sororidade a toda prova”, complementou. Ao longo do projeto, foram realizadas reuniões com autoridades policiais, Ministério Público e Justiça, com o objetivo de buscar o nome e a história de cada vítima. E mês a mês, além da atualização da estatística, é possível ver o acompanhamento de inquéritos e processos judiciais.
Julliana de Melo chama pelo nome cada uma das mulheres que morreram vítimas de maridos, namorados, ex-companheiros ou outros agressores próximos este ano. Ela lembra que muitas vezes os crimes não são classificados como feminicído no início, mas ao longo da investigação se prova que a morte está ligada à questão de gênero.
O resultado é exposto mensalmente nas páginas do JC e na versão digital do projeto, onde é possível buscar os casos pesquisando pelo nome da vítima, localidade, idade e parentesco com o agressor, entre vários parâmetros. As chocantes cenas de crime são transformadas em ilustrações que expõem a dor, mas não a vítima que já foi alvo de crueldade. Julliana acrescentou que o objetivo final é escrever um código de conduta de boas práticas jornalísticas sobre o tema e transformar o vasto trabalho em um livro, em 2019.