Promotoras Legais de Itaquaquecetuba simulam júri de crimes contra a mulher

09 de novembro, 2017

A ideia é defender a implantação de uma Delegacia da Mulher e de Juizado de Violência Doméstica no município. Itaquaquecetuba é a oitava cidade que mais mata mulheres no Estado de São Paulo.

(G1, 09/11/2017 – acesse no site de origem)

O grupo de Promotoras Legais de Itaquaquecetuba organizou nesta quinta-feira (9), a simulação de um júri de crimes contra a mulher. A ideia é defender a implantação de uma Delegacia da Mulher no município, que segundo um levantamento apresentado pelo grupo, é o oitavo em número de casos de violência contra a mulher, no Estado.

Cenas de discussões e violência entre um casal. A encenação fez parte da simulação de julgamentos de crimes reais que têm em comum a violência contra a mulher.

A ação, realizada em uma universidade de Itaquaquecetuba, foi ideia do grupo de promotoras legais popular da cidade. “A gente pensou essa proposta porque a cidade é o oitavo município que mais mata mulher no Estado de São Paulo. A gente não tem uma Delegacia da Mulher e nem Juizado de Violência Doméstica. Queremos impulsionar um movimento que force as autoridades a trazer uma DDM e um JVD pra cidade”, disse Daiane Conceição Cassiano, representante das Promotoras Legais.

Ao todo foram encenados cinco crimes contra mulheres. Foram os assassinatos de Clemilda dos Santos Alves, de 57 anos, Kelly Cristina da Silva Caldeira, de 20 anos e Jeniffer Santos do Carmo, de 14 anos. Clemilda foi encontrada na casa onde morava já sem vida por um dos filhos. O principal suspeito era o então companheiro dela.Kelly foi morta pelo pai que tinha sido expulso de casa pela mãe quando ela descobriu uma traição e Jenniffer perdeu a vida depois de brigar com o cunhado por causa de um telefone celular.

Nessa simulação de julgamentos os advogados que representaram a defesa dos réus e a promotoria tinham a mesma opinião sobre o feminicídio, mas deixaram isso de lado para dar mais realidade ao que era apresentado. “Minha missão foi essa. Inverter o papel e fazer com que a vítima, que morreu, tenha dado razão e emoção pra que ele viesse cometer o crime”, disse a advogada representante a defesa.

“A acusação tem papel fundamental porque ela vai sustentar os fatos na versão do Estado. O réu terá a chance de trazer sua versão. Os jurados é que irão decidir se vão condenar ou absolver ”, disse Ricardo Martins, professor de direito processual representando a promotoria.

Histórias que se unem a tantas outras e que hoje foram relembradas nessa simulação com um único objetivo: mostrar para as autoridades que essas mulheres não são apenas números e que algo precisa ser feito. “Eu acredito que a sociedade perde muito, as mulheres estão morrendo, filhos sem mães, vítimas não conseguem se defender. Precisamos de política pública para atender essa demanda que está sendo apresentada”, defendeu a assistente social Teresa Cristina dos Santos Gomes.

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