Estado registrou média de 11 por dia. Maioria aconteceu em casa, e os crimes foram cometidos por parentes ou conhecidos bem próximos.
(G1, 04/05/2018 – acesse no site de origem)
Mais de quatro mil mulheres foram vítimas de violência sexual no Estado do Rio de Janeiro no ano passado. Segundo dados do Dossiê Mulher, obtidos com exclusividade pelo Bom Dia Rio, mais da metade, 68%, foi vítima dentro de casa. Dessas, 66% eram adolescentes ou crianças, e em quase metade dos casos os criminosos eram parentes ou conhecidos bem próximos.
De acordo com o estudo, as mulheres continuam sendo as maiores vítimas de estupros. Só em 2017 o estado do Rio registrou 11 casos por dia. Em 41,7%, os autores do crime eram parentes, pais, padrastos, companheiros, ex-companheiros e conhecidos.
Os dados fazem parte de estudo do Instituto de Segurança Pública (ISP). O dossiê reuniu informações em 2017 em todo o RJ sobre a violência contra o sexo feminino.
Essa é a 13ª edição do Dossiê Mulher. Segundo a major Cláudia Moraes, organizadora do documento, todos os anos a sociedade se choca com a questão do estupro.
“Se mais de 60% dos casos acontecem dentro de casa e no círculo de amigos e vizinhos, parentes, pais, padrastos, isso torna essa comunicação (do crime) mais difícil. A gente tem casos de abusos de crianças que sequer falam, de bebês, com laudos periciais que comprovam estupro”, afirmou Cláudia.
Segundo a major, é importante que quem tem contato com a criança fique atento a hematomas e arranhões no corpo e também a sinais psicológicos e mudança de comportamento.
“A criança começa a demonstrar algum tipo de irritabilidade ou um quadro depressivo e várias situações que podem acontecer”, adverte Cláudia, ressaltando que a Delegacia da Criança e Adolescente Vítima tem profissionais de psicologia que tratam da questão do depoimento sem dano ao menor.
Mais de 380 mulheres mortas
Ano passado, 381 mulheres foram mortas no Estado do Rio de Janeiro. Destas, 10,5% tinham até 17 anos. Do total, 48,3% dos crimes aconteceram na rua, 29,7% ocorreram dentro de casa e duas em cada três mulheres mortas eram negras.
Em março desse ano, uma jovem de 22 anos foi assassinada pelo namorado, Altamiro Lopes dos Santos, estudante de Medicina. Patricia Koike foi encontrada dentro do carro dele, já sem vida. Altamiro foi preso por homicídio e ocultação de cadáver.
Em 2017, o ISP registrou 68 casos de feminicídio, quando a vítima é atacada simplesmente por ser mulher. De todos os casos de lesão corporal dolosa, quando há a intenção de ferir a vítima, 65% das vítimas eram mulheres. Foi uma média de 108 registros por dia.
Um caso recente que chamou atenção e foi registrado por câmeras de segurança de um shopping na Tijuca, na Zona Norte do Rio, foi quando um homem esfaqueou a ex-mulher. O agressor desferiu várias facadas e só parou quando alguém usou um extintor de incêndio. Andressa dos Santos passou duas semanas no hospital e agora se recupera em casa. O ex-marido, Jonny Neves dos Santos, foi preso em flagrante.