São Paulo é a pior cidade em violência sexual contra mulher no mundo

17 de outubro, 2017

Capital paulista divide primeira posição com Nova Déli no ranking elaborado pela Fundação Thomson Reuters.

(Marie Claire, 17/10/2017 – acesse no site de origem)

A cidade de São Paulo foi considerada, ao lado de Nova Déli, a pior metrópole em violência sexual contra mulheres no mundo, de acordo com um estudo realizado pela Fundação Thomson Reuters divulgado nesta semana. A pesquisa levou em consideração as percepções de 380 professores, formadores de opinião e ONG’s que defendem os direitos femininos para chegar à conclusão.

“O resultado não surpreendeu”, afirmou a promotora de justiça Gabriela Manssur, autora do blog Justiça de Saia, à Marie Claire. “Como mulher, me sinto muito insegura nesta cidade, seja no transporte público ou privado, como os aplicativos de táxi”.

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Manssur explicou que recebe diariamente vários processos de mulheres que foram vítimas de algum tipo violência sexual. Na maior parte dos casos, os autores dos crimes são maridos, vizinhos, amigos de familiares e parentes. “Como promotora, não me espanto com os resultados. No levantamento foi considerado o número oficial de denúncias, porém esses dados representam apenas 10 % do total de crimes que realmente acontecem”, destacou.

A pesquisa também avaliou as práticas culturais nocivas às mulheres em várias cidades cuja população é superior a 10 milhões de habitantes. E considerou o acesso à saúde, mortalidade materna, oportunidades econômicas, controle sobre a saúde reprodutiva, entre outros tópicos, para chegar ao resultado. No ranking geral, São Paulo foi vista como a 11ª pior. “Nós, em função do perigo, mudamos nossa rotina, comportamento e até personalidade com medo de sofrer algum tipo de assédio no trabalho, escola e órgãos públicos. Onde estamos seguras nesta cidade?”, questionou a promotora.

SILENCIAMENTO

Quando algum caso de violência ganha destaque na imprensa, algumas vítimas se sentem encorajadas a tornar pública sua dor, mesmo sem denunciar o abuso. Outras, porém, ainda permanecem em silêncio. Isto acontece porque muitas delas demoram a compreender o que sofreram.

“É como se estivessem se afogando, não conseguem respirar, ouvir e enxergar. E demoram a recuperar o fôlego”, explicou a promotora. “É assim que a palavra delas perde forças. As pessoas perguntam por que não foram à delegacia imediatamente ou tomaram alguma outra medida de proteção. Mas dizem isso porque não compreendem. Somente quem passou por essa violência sabe como é difícil viver este trauma e levá-lo à justiça”, concluiu.

Thiago Baltazar

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