(R7, 22/01/2015) Caso foi revelado no início deste ano em uma das audiências da CPI dos trotes na Alesp
Em 2002, uma aluna de medicina veterinária da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiro), campus da USP em Pirassununga, interior de São Paulo, foi abusada sexualmente por oito estudantes da instituição durante uma festa em uma república. Os agressores publicaram detalhes do ato na internet. Na época, a estudante e sua família procuraram a Prefeitura do Campus e a direção da universidade para a tomada de providências. Nada foi feito.
O caso foi revelado no início deste ano a uma das audiências da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), instaurada para investigar a violação de direitos humanos nas universidades do Estado durante trotes e festas estudantis.
Durante nova audiência realizada nesta quarta-feira (21), o prefeito do campus na época do ocorrido, Marcos Vinicius Folegatti, atual chefe do departamento de engenharia da Esalq, relatou que nunca teve conhecimento sobre a realidade do caso.
— [Em reunião para apurar o caso na época] o encaminhamento foi, em primeiro lugar, que a aluna declarasse o que ocorreu. Ela disse: ‘Não quero relatar nada, quero que tirem as informações sobre mim da internet’.
Folegatti afirma que a falta de denúncia do caso, quando isso era esperado, fez com que nenhuma sindicância fosse aberta.
— A sindicância não ocorreu porque não houve a denúncia. Nunca foi mencionada a palavra estupro. Estou tomando conhecimento que isso ocorreu agora. Quando fomos atrás disso, já tinham sido tiradas as informações da internet
O professor relata ainda que, no período, os alunos que publicaram detalhes do abuso na internet foram identificados pelos colegas e acataram à recomendação de retirar as informações do ar.
Os deputados presentes na audiência — entre eles os presidente da CPI, deputado Adriano Diogo (PT) — questionaram a passividade da direção e da prefeitura frente à falta de informações.
“Qual o papel dos conselhos de repúblicas de Piracicaba?”, perguntou Adriano Diogo, lembrando do grupo de repúblicas da região que é ministrado pelos alunos e é conhecido pela direção da Esalq.
Folegatti respondeu apenas que “ele é algo que está fora da universidade”.
— Existem repúblicas ‘trotistas’ e não ‘trotistas’ que participam do grupo. Isso torna tudo mais complexo.
Mariana Queen
Acesse no site de origem: “Nunca foi mencionada a palavra estupro”, diz ex-prefeito da USP sobre jovem abusada por 8 alunos (R7, 22/01/2015)